Crítica sobre o filme "Belo Verão, Um":

Rubens Ewald Filho
Belo Verão, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/06/2016

Com uma sala desapontadoramente vazia, merecia melhor atenção este filme que chegou a ser indicado ao César de atriz (a belga e envelhecida Cécile, que tem um belo trabalho) e coadjuvante (Noémie, que faz mãe, e que é uma coadjuvante notável de filmes como Adeus, Minha Rainha, Atrizes, Camille Outra Vez, Os Amores da Casa de Tolerância). Pode ser culpa da atual recessão e da onda de frio, porque há um interesse LBGT muito forte no filme. A diretora Catherine Corsini (que ganhou pelo filme melhor realizadora no importante Festival de Locarno) já é uma veterana com 19 créditos (entre curtas e longas) dentre eles, Partir com Katherine Scott Thomas e Três Mundos, foram os únicos com carreira comercial.

Desta vez ela está envolvida numa trama assumidamente feminista e lésbica, narrando com empenho o romance entre uma jovem do interior Delphine (a também cantora Izia), que em 1971 vive numa pequena fazenda de Limousin, perto de Limoges, com os pais. Ela tem atração por mulheres e tenta fugir da vida tradicional a que parece condenada indo para Paris e sem querer se envolvendo com um movimento universitário de liberação, lutando pelos direitos da mulher. Assim conhece uma líder, chamada Carole, professora de Espanhol (Cécile) por quem se sente atraída e com quem eventualmente viverá uma grande paixão. Inclusive quando o pai fica doente, ela tem que retornar. Mas Carole vai atrás provocando escândalo mais na mãe do que nos outros da cidade.

Foi quando fiquei preocupado do filme resvalar para um melodrama de final infeliz, coisa muito comum no gênero. Felizmente há uma passagem de tempo e uma conclusão se não cor de rosa pelo menos mais positiva. Enfim, não é nenhuma grande obra, mas é digno e sem floreios. Uma trilha musical também premiada e a paisagem da “campagne” francesa também ajuda.