Não confundir com o outro Chocolate de Johnny Depp, este aqui é um filme bonito e comovente, caro (custou quase 19 milhões de dólares) e de sucesso, inspirado em fatos reais e estrelado pelo excepcional ator negro Omar Sy (que revelado por Intocáveis (11) iniciou uma carreira internacional que inclui Samba (14), Jurassic World (15), X-Men Dias de um Futuro Esquecido (14), Pegando Fogo (15)). Omar é um ator excelente, carismático, que brilha apesar dos clichês da história, muito fáceis de adivinhar e nem sempre perdoar. Afinal a desculpa é que seriam fatos reais e o ser humano conseguia ser ainda mais racista durante a Belle Èpoque, do que mesmo hoje em dia! Mas há outra grande atração para se assistir o filme, não apenas a direção profissional do ator Roschdy (francês de nascimento, mas árabe de origem, já dirigiu 3 filmes antes e estrelou muitos filmes inclusive o recente O Preço da Fama sobre os ladrões do corpo de Chaplin, O Pequeno Tenente, o premiado em Cannes Dias de Glória).
O que achei mais interessante e curioso é a presença de um ator chamado James Thierrée, que é filho de Victoria Chaplin, ou seja neto direto de Charles Chaplin. Embora já seja veterano (nascido em 74, em Lausanne, Suiça) e tenha 29 créditos, (Vatel, Três Solteirões e um Bebê, 18 Anos Depois) é praticamente desconhecido. Aqui faz o papel central de George Footit, o palhaço de circo que descobre chocolate e se torna seu amigo e confidente, ainda que com conflitos. O domínio corporal deste Chaplin é excepcional apesar de seu olhar triste e amargo Ou talvez por causa justamente disso.
Esta é a história de certo negro chamado Rafael Padilla, que foi escravo em Cuba e ganha a vida como palhaço em Paris. Descoberto num circo interior no Norte da França, por George Footit, um artista de origem inglês o convence a formar uma dupla, que vai se tornando um grande sucesso e faz com que Chocolate vire uma celebridade e por isso é perseguido pela policia, abusado pelos racistas e humilhado quando ousa fazer num palco clássico uma versão de Otelo, A Glória de Chocolat, termina prematuramente com sua morte em 1917.
Ou seja, um filme que tem tudo para fazer sucesso com os fãs de Intocáveis.