Crítica sobre o filme "Mulheres No Poder":

Rubens Ewald Filho
Mulheres No Poder Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/05/2016

Uma pena que este filme tenha sido tão mal lançado, mesmo para o padrão baixo do cinema brasileiro (nunca tinha ouvido falar nele e era o único na sala que o exibia). Caiu vítima da falta de sorte, já que trata de um assunto que semanas antes seria palpitante, a presença e comportamento das mulheres em Brasília, em cargos oficiais, mais particularmente como deputadas e conspiradoras. Só que depois de tantos meses de conflagração poucos terão a paciência de conferir a comédia que não tem nada a ver diretamente com a presidenta recém saída e pode ser mesmo que provoque uma certa revolta entre as mulheres já que se fixa na ação delas em determinadas áreas do poder, mostrando com que ligeireza e habilidade elas são capazes de construir e destruir, se aproveitar de vantagens, negociar e corromper, sem o menor pudor.

Não conheço bem o diretor Accioli, mas assisti o longa anterior dele sempre com a Dira Paes, que era bem interessante, Incuráveis (05). Antes de tudo é preciso registrar minha continua admiração por Dira, que é certamente uma de nossas melhores atrizes. Aqui ela talvez esteja num ponto a mais, quase caindo na caricatura. Mas não chega a resvalar, apenas da um dinamismo a figura da política Senadora (conforme o resumo do próprio filme) Maria Pilar que vê uma grande oportunidade de ganhos na licitação do projeto Brasil Brasileiro. Após entrar em contato com a ministra Ivone Feitosa em busca de maiores informações, Maria é orientada a conversar com a secretária-executiva do ministério, Madalena, para acertar uma armação. Mal sabe ela, porém, que Madalena tem seu próprio plano para se dar bem sozinha.

Dira dá um show de interpretação em todos os tons (particularmente curti a dança que ela faz na festa!) e tem a sorte de estar bem cercada, por Stela Miranda que habitualmente vejo em musicais no teatro, saindo-se muito bem. Mas também por outras, que nem sei o nome e pelo prazer de rever o veterano Roberto Maya.

Com humor e certa ferocidade rara no cinema brasileiro o filme devasta Brasília e sem julgamento de moral descreve o submundo da política, até com certa coragem sem envolver partidos ou nomes explícitos. A crítica é geral e bem humorada. Nem por isso menos pertinente. Deveria causar polêmica e ter assim um público maior. Até porque não vai deixar de ser atual.