Nunca fui grande admirador do diretor canadense Atom Egoyan, que está ainda por cima em fase de decadência. Depois de ter sido aclamado durante anos em Cannes, apresentou este seu filme em Veneza e depois sofreu uma carnificina por parte da crítica (que odiou o filme), também em renda (que foi insignificante). Embora Christopher Plummer tenha se tornado com a idade um grande ator, fica difícil aceitá-lo (ainda mais cercado por um elenco de figuras ilustres) numa história tão “absurdamente absurda” (foi chamada de fantasia geriatra). Fruto da imaginação de um roteirista iniciante que antes era produtor e diretor de elenco (ou seja, nada entende do assunto).
É sobre um velho de noventa anos, Zev Guttman, o vencedor do Oscar Plummer, viúvo judeu que vive num refúgio de luxo perto de Nova York cercado pela família e amigos, como outro judeu Max (outro vencedor do Oscar, Martin Landau) que lhe dá um envelope com dinheiro e instruções que, quando tinha melhor memória, o próprio Zev criou após a morte da esposa (agora ele está muito afetado pelo Alzenheimer). Mas Max esta em pior estado ainda (será que não podiam situar a ação algumas décadas mais cedo que faria mais sentido?). Embora tenha trabalhado antes com o caçador de nazistas Simon Wiiesenthal em busca de quatro alemães que fugiram da Europa vivendo na América com o nome de Rudy Kurlander. Ele acha que um deles era comandante de Auschwitz, e teria assassinado as famílias dos dois, 70 anos antes.
Assim contra qualquer lógica o velho herói não apenas consegue fugir e viajar livremente ajudado por pessoas gentis e acessíveis, em situações completamente absurdas. Naturalmente surgirão os atores alemães veteranos (Bruno Ganz, Jurgen Prochnow) e um remanescente de Breaking Bad, Dean Norris, que se comporta de forma ainda mais improvável (mostra a coleção nazista de seu pai e o cachorro pastor alemão!). O clímax no final das contas seria fácil de prever embora eu faça uma vã tentativa de esconder detalhes.
Uso uma informação do próprio IMDB que ajuda a derrubar o filme de vez. Segundo eles, não há um caso documentado de um ex membro da SS que tentou se esconder como prisioneiro judeu tatuando um número de prisioneiro em Auschwitz. Já que muitos deles foram presos identificados por sua aparência e muitos dos prisioneiros, na verdade, a maioria era assassinada assim que chegavam ao campo e não eram tatuados. Enfim, o filme não tem a menor lógica! E não merece nem ser considerado.