Crítica sobre o filme "Dono do Jogo, O":

Rubens Ewald Filho
Dono do Jogo, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 29/04/2016

É curioso como o diretor Zwick, apesar de ter feito filmes importantes e de sucesso não tenha passado para o primeiro time de realizadores de Hollywood. Dirigiu entre outros, Nova York Sitiada, O Último Samurai com Tom Cruise, Amor e Outras Drogas, com Anne Hathaway, Diamantes de Sangue e Lendas da Paixão. Mas sua carreira vai declinando com este modesto drama que pode interessar a um público pequeno que são os fãs jogadores de xadrez. Na verdade é um drama depressivo sobre o mais famoso jogador de xadrez do mundo, Bobby Fischer, interpretado aqui pelo ex-Homem Aranha, Tobey McGuire.

Rodado no Canadá e Islândia, o filme foi muito mal de bilheteria nos EUA não passando dos 2 milhões e pouco de dólares de renda. É preciso conhecer o jogo e se interessar por ele, para seguir a trajetória desde criança de Bobby que em 1982, ainda durante a Guerra Fria, Bobby Fischer, prodígio americano, enfrenta o campeão soviético, Boris Spassck (Liev) no que é também uma luta pelo poder. O título original o sacrifício do Peão, é uma jogada do xadrez em que o jogador sacrifique seu peão em troca de uma pequena vantagem, como mais espaço para suas peças ou posicioná-las melhor para um posterior ataque.

Embora os jogadores de xadrez façam pequenas restrições técnicas ao filme, ele teve boa critica e pode realmente interessar além dos especialistas aqueles que lidam com a saúde mental. Por que basicamente é um estudo de um jogador obcecado em conseguir realizar a maior vitória de sua carreira, se tornar o campeão mundial num confronto em Reykjavik, Islândia (Fischer inspirou outros filmes entre eles, o talentoso Searching for Bobby Fischer, de Steve Zaillan).

Escrito por Steven Knight (Locke) conta-se bem a história com a ajuda de Tobey que foi essencial para o filme sair (ele é co produtor e foi quem gerou o projeto). É um desafio para o ator, registrar a mente que aos poucos vai se esfacelando, chegando mesmo à loucura (ainda mais porque seu nome já foi esquecido ao menos pelos menos interessados, porque faleceu em 2008 quando estava com 64 anos). A história é contada no auge da paranoia, mas também retorna a sua infância quando sua mãe Regina era suspeita comunista sob vigilância do FBI, aos 6 anos aprendeu sozinho o jogo para se acalmar. E aos 12 já era uma estrela em ascensão sendo aos 15 o mais jovem “grandmaster”. Sua obsessão sempre foi vencer os russos que eram o líderes do esporte. Ajudado por um excelente grupo de coadjuvantes (e novamente Liev vai crescendo de filme a filme) O Dono do Jogo pode ser um filme interessante e até absorvente. Desde que você se interesse pelo assunto e o jogo.