Crítica sobre o filme "História de Loucura, Uma":

Rubens Ewald Filho
História de Loucura, Uma Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/04/2016

Esperava mais deste novo filme do marselhês Guédiguian, que acompanhamos a carreira desde que foi revelado e premiado em Cannes, em Marius e Janette, 97, com sua habitual mulher e estrela Arianne Ascaride. Seus filmes tem sido exibidos no Brasil até pela amizade com o Jean Thomas, dono da Imovision e também marselhês. E em geral são diferentes e interessantes. Já havia inclusive mexido no mesmo tema, o absurdo massacre dos armênios, um genocídio absurdo e inconcebível que até não foi admitido oficialmente pelos perpetradores, basicamente o governo Turco. O filme anterior era mediano e se fixava mais na visão do antigo lugar e na sua sobrevivência. Chamava-se Armênia (2006) e ficava a desejar.

Infelizmente neste caso o problema é ainda maior. Mais ambicioso e maior orçamento, começa em preto e branco mostrando como os sobreviventes armênios se organizaram pra agir como terroristas tentando principalmente o reconhecimento de sua etnia e o massacre bárbaro. Assim começa e aproveito o que diz o release para resumir a história: começa em Berlim (1921) quando Talaat Pacha, a principal pessoa por trás do genocídio armênio é morto na rua por Soghomon Thelirian, absolvido pela justiça alemã e considerado um herói para os armênios. 60 anos mais tarde, onde uma nova geração ainda clama por justiça. Aram um jovem de ascendência Armênia que vive em Marselha explode o carro do embaixador Turco em Paris. Casualmente, Gilles Tessier, um jovem ciclista que estava passando naquele momento é gravemente ferido pela explosão e perde as pernas.

Aram, em fuga, deixa sua família e junta-se ao Exército Secreto pela Libertação da Armênia em Beirute, o viveiro da revolução internacional naqueles anos. Anouch, a mãe de Aram, interpretada por Ariane, visita Gilles no hospital para pedir perdão por seu filho, porém, os fatos apontam para algo inesperado capaz de mudar a vida de todos.

Eu conheci a tragédia da Armênia através das conversas com Leon Cakoff, que perdeu grande parte da família dessa forma e nunca se conformou com isso. Mas acho que até ele iria se conformar com o filme longo, confuso, que se prende aos terroristas um tema difícil hoje em dia, quando não se sabe mais quem é herói e é bandido. Apesar da boa vontade geral, o filme resulta inconvincente e mais atrapalha do que explica.