Este é sem sombra de dúvida o pior filme da carreira longa e consagrada dos Irmãos Coen. Já era suspeito eles começarem a fazer roteiros para diretores consagrados (como recentemente com Spielberg em Ponte dos Espiões e Invencível para Angelina Jolie). Mas nada preparava para esta pseudo comédia totalmente sem graça, que pretende satirizar Hollywood mas acaba criando preconceitos (eles tinham se saído melhor com Barton Fink Delírios de Hollywood, de 91, onde falavam de escritor nova-iorquino que se dava mal na Hollywood dos anos 30. Aqui a ação se passa no começo dos anos 1950-54). Não se impressionem com o elenco porque a maior parte deles aparece apenas alguns momentos ou uma cena (Jonah Hill, Frances, mulher de Joel Coen, ou pouco mais como Scarlett Johansson que faz uma variante de Esther Williams com número aquático e tudo). Será inclusive uma decepção para as fãs de Clooney, que aparece envelhecido num papel ingrato e curto! O diretor do estúdio cabe a Josh Brolin que continua a não me convencer.
Mas o que me perturbou, além da falta de graça, foram alguns detalhes hoje em dia difíceis de perdoar como a ausência de negros em papeis importantes ou mesmo coadjuvantes e principalmente o desprezo com que o roteiro trata os escritores de Hollywood acusados de comunistas, justamente aqueles que (SPOILER, ATENÇÃO) agem como bandidos porque estão ansiosos em mandar dinheiro para os comunistas (quando a rotina seria oposto, o chamado Ouro de Moscou,que a Rússia mandava para sustentar agentes comunistas com salários em várias partes do mundo inclusive Luiz Carlos Prestes no Brasil).
Enfim, achei toda a situação ofensiva e grosseira porque os escritores justamente estavam sendo nessa época vítimas das Caças as Bruxas, impedidos de trabalhar pela acusação de comunista, muitas vezes, ou quase sempre falsas. O filme não entra nesse mérito, esquece essa situação e ainda por cima faz com que o ator dançarino do número de marinheiros, aliás muito bem coreografado e estrelado por Channing Tatum, que depois tem a ingrata tarefa de fazer pose de gay na dança e ao embarcar no submarino. Não estou estragando muita coisa porque nos EUA grande parte da plateia sai irritada no meio, não pelo lado político, mas pela absoluta falta de graça. E o desperdiço de talento (quem está menos ruim é o Alden, que faz o cowboy Holie Doley, que sempre achei engraçado, que foi descoberto por Spielberg num bar mitzvah e depois fez o papel central do fraco Tetro de Coppola. Aqui ao menos está divertido num filme que carece justamente de humor). Evite.