Ainda me lembro bem da primeira versão chamado O Astrágalo versão de 1968, dirigida por Guy Casaril, e que foi um grande sucesso na França servindo para lançar como estrela a ruiva e sardenta argelina Marlène Jobert que durante alguns anos foi estrela (por exemplo em O Passageiro da Chuva com Charles Bronson) e hoje é mais lembrada como a mãe da interessante Eva Green. No filme estava junto do astro alemão Horst Buccholz e a felliniana Magali Noel. Marlène se aposentou no fim dos anos 80, trabalhando apenas com áudio books e livros para crianças sobre música clássica. Este Astrágalo foi um enorme sucesso como livro em 1965 da jovem argelina Albertine (que morreria com apenas 29 anos) e por extensão para Marlène). O diretor Casaril porém só fez filmes ruins dali em diante, inclusive uma pavorosa biografia de Piaf. O título estranho se refere a um osso do pé que a heroína quebra quando foge da prisão.
Mas era preciso refazê-lo agora que foi completamente esquecido? Ainda mais pela mulher do diretor Philippe Garrel, famoso por sua incompetência assustadora (alias é um mal de família, o pai é péssimo diretor, o filho ator Louis vai no mesmo caminho, curiosamente ele se revelou no filme Os Sonhadores justamente com a filha de Marlène, ou seja Eva ) e agora a mãe - que fez curtas e um outro longa - é igualmente sem talento). A história envelheceu mal e o elenco é extremamente fraco. O tempo a deixou ser uma história a la Bonnie e Clyde, em que Bonnie é mais importante como disseram os americanos como ladra, que passa a ser prostituta, bissexual, quase uma Jean Genet feminina. Curiosamente aqui também os dois atores centrais Leila e Reda também são argelinos e vieram do filme O Profeta. Fugindo do que poderia ser um drama romântico, tem um tom mais trágico e noir, por vezes antiquado (como o uso de back projection). Mas a diretora não tem fôlego para sustentar o que poderia ser um retrato de época, poderoso drama policial e trágica história de amor.