Crítica sobre o filme "Luneta do Tempo, A":

Rubens Ewald Filho
Luneta do Tempo, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/03/2016

Não é sempre que um artista de outra mídia se dedica a um projeto cinematográfico com tanto empenho e cuidado quanto o cantor e compositor Alceu Valença com este seu primeiro longa (que nós os curadores de Gramado selecionamos para a competição, onde levou o prêmio de trilha musical). Não é fácil contar mais uma vez a historia de Lampião (Irandhir) pelo seu próprio ponto de vista, ou seja, deixa uma espaço marcante para sua maior paixão, a música, seguido pela vida num circo, mas principalmente no que vem a ser uma ode ao espírito de sua terra e sua gente, o povo pernambucano.

Assim diz o resumo oficial da produção é sua própria maneira que ele conta como Lampião, sempre acompanhado por sua amada Maria Bonita (Hermila Guedes), lidera seu bando pelo sertão de Pernambuco, enfrentando a polícia local. Seu principal inimigo é Antero Tenente, que foi abandonado preso e de cabeça pra baixo pelo bando de Lampião. Esta disputa permanece com o passar dos anos, quando o filho de Antero torna-se adulto e não aceita qualquer provocação à imagem do pai ou a simples menção a algo que lembre Lampião e seus cangaceiros.

O projeto conta Alceu demorou cerca de quatorze anos para se finalizar, porque o diretor queria se aperfeiçoar na linguagem de cinema. Foi primeiro por indicação do grande fotógrafo e também diretor Walter Carvalho, depois, conta ele, com uma professora particular. Mas queria fazer algo do jeito dele e com cara de do sertão e largou as aulas. Foi assim que surgiu este filme muito pessoal que por isso pode ter imperfeições mas que são desculpadas pela excelência da fotografia, do clima poético e a força da personalidade do autor. Ah, Alceu aparece como ator no papel do palhaço Véio Quiabo.