Crítica sobre o filme "Mundo Cão":

Rubens Ewald Filho
Mundo Cão Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/03/2016

Muitos anos atrás em 1962, houve um pseudo documentário italiano que fez sucesso no mundo todo chamado justamente Mondo Cane (Mundo Cão de Jacopeti e Paolo Cavara) que mostrava que o homem era o pior dos predadores. Chegou mesmo a ter uma música tema que foi indicada ao Oscar e fez sucesso no mundo todo (More) e foi vendida como um shockdocumentary, coisa inédita então (por suas cenas violentas). Enfim, o diretor roteirista Marcos Jorge deve gostar do filme porque colocou ao final uma ceninha de créditos dele além de aproveitar o titulo. O realizador paranaense que havia estreado com o muito interessante Estômago (07) uma promessa que não se concretizou em Corpos Celestes (feito antes, lançado depois) nem no ainda inferior O Duelo (15), baseado em Jorge Amado.

Não sei bem porque ele quis rodar este filme modesto e fadado ao fracasso de publico que tem uma história ao mesmo tempo singela e difícil (o público brasileiro tradicionalmente rejeita filmes com negros protagonistas e ainda mais com mães mal tratadas!) . Ainda assim é bem dirigido e adequadamente interpretado (Lázaro tem um papel ingrato de vilão, já que ele sempre merece mais. E Adriana Esteves faz tão bem a mãe de família costureira e crente, que quando desaparece o filme fica perdido).

Lázaro faz um criador de cães violentos (a história se passa antes da lei atual, ou seja, podia-se matar cachorros perdidos ou sem dono) que abusa dos bichos para fazer chantagem com seus clientes de jogos fora da lei. Babu Santana faz o bom sujeito que recolhe os animais e tenta cuidar de sua família que tem dois filhos, um moleque e uma adolescente deficiente auditiva (ambos se saem bem mas a Thainá além de linda, segura a sequência mais forte e inesperada da história). Enfim, uma trama curta que pode interessar quando passar na TV. Para o diretor não passa de um exercício.