Esperava-se que depois de A Paixão de Cristo (04) e seu enorme sucesso comercial houvesse uma avalanche de filmes cristãos preocupados em capturar o mesmo tipo de público. Acabou não acontecendo e desde então tem surgido ocasionais filmes do gênero, com apenas relativo sucesso (o mais vergonhoso foi aquele do menino que contou que teria conversado com Jesus no céu, depois de sofrer acidente. Só mais tarde se soube que ele tinha inventado toda a história). Enfim, esse tipo de filme fala apenas para um público cativo (nem comentamos Os Dez Mandamentos porque é um caso a parte!). E numa época de crise parece lógico que eles voltem a ressurgir, até porque há também cineastas consagrados que continuam a ter convicções religiosas. Como é o caso deste Kevin Reynolds, que desde 2013 estava planejando este filme (ele é mais conhecido como parceiro de Kevin Costner, em filmes como Robin Hood e Waterworld e agora que fizeram as pazes na série de TV The Hatfields & The McCoys). É uma espécie de continuação não assumida da Paixão, mostrando os 40 dias depois da morte de Cristo até sua ressurreição. Isso contado pelos olhos de um tribuno que não acredita nele, Clavius (feito por Joseph Fiennes, de Shakespeare Apaixonado, irmão do mais famoso Ralph Fiennes). E seu ajudante Lucius (Felton, que foi Draco em Harry Potter) que tem a missão de tentar descobrir o que aconteceu nas semanas depois da crucificação e desmentir os boatos de quem ele teria se levantando dentre os mortos e assim prevenir um possível motim em Jerusalém.
Rodado em Malta, como está na moda, e na Almeria desértica da Espanha, o filme não traz nenhuma informação nova, repetindo tudo aquilo que a gente já sabe. Talvez por isso tenha tido uma carreira medíocre de bilheteria (30 milhões), ainda assim melhor do que o outro que o seguiu chamado O Jovem Messias, que foi massacrado pela crítica e rendeu apenas 3 milhões e pouco (deve estrear em 23 de março), que será seguido por outro chamado Milagres do Paraíso, com Jennifer Garner, sobre garota que tem doença grave que aparentemente é curada (Prevista para 21 de abril no Brasil, este aparenta ser melhor).
Ressurreição é prejudicado não apenas pelo roteiro fraco mas pelo próprio ator central, que nunca convenceu e muito menos aqui. Na verdade, este tipo de história, feita por um profissional competente, interessa apenas aos crentes. Aos que tem fé. No caso tem uma estrutura quase policialesca, mostrando o conflito entre judeus e romanos, envolvendo ainda Maria Madalena (a argentina Maria Botto) e Pilatos (Firth). Chega a dar uma visão ate interessante da situação na região mas não consegue resolver bem o enigma. Enfim, uma opção só para os de muita fé. Nunca para os que optaram para a Vida de Brian.