Crítica sobre o filme "Boi Neon":

Rubens Ewald Filho
Boi Neon Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/03/2016

Nunca tive a chance de ver o trabalho do diretor pernambucano Mascaro, que tem tido sucesso principalmente no exterior. Dentre vários documentários e curtas, ele fez antes Ventos de Agosto e agora este bonito e interessante trabalho. Começando alias pelo feliz e poético titulo. De qualquer forma é também um consagrado artista plástico, que faz instalações e este seu domínio da imagem fica claro aqui com imagens e momentos muito poderosos.

Dois atores são conhecidos, Vinicius (o menino de Central do Brasil que cresceu e faz vaqueiro de cabelo comprido) e o ator da novela da Globo, Juliano Cazarré que trata com notável simplicidade o personagem de vaqueiro que sonha em ser costureiro (nada de gay nisso) e maior naturalidade ainda em se expor com nudez (o filme conclui com uma ao mesmo tempo bastante explícita mas delicada cena de sexo entre ele e uma vendedora de perfumes que está em adiantada gravidez).

Embora lento como insistente em ser o cinema brasileiro não comercial, é um filme bonito, humano, muito autoral.  

Cazarré é Iremar, que trabalha numa "Vaquejada", uma espécie de modesto rodeio do Nordeste (ele prepara o animal e seu rabo para ser um usado na arena, onde o puxam e tentam derrubar). Vive com outros empregados numa espécie de caminhão que parece pertencer a uma jovem mulher de cabelos aloirados que tem uma filha pequena e malcriada (reclama do pai ausente). É curioso o que o filme praticamente não tem enredo ou história, os conflitos são pequenos e passageiros, os romances ainda mais. Enquanto Iremar sonha em uma dia realizar seu sonho…

 O Boi ganhou Festivais de Adelaide, Hamburgo, Nantes, menção em Toronto, prêmio especial do Júri na paralela Horizons em Veneza, e no Rio foi votado como melhor filme, roteiro, atriz (Alyne Santana), e fotografia (Diego Garcia). Merece ser descoberto e apreciado.