Crítica sobre o filme "Suíte Francesa":

Rubens Ewald Filho
Suíte Francesa Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/01/2016

A história que gerou este filme é bem interessante. Sua autora se chama Irène Némirovsky, era judia e quando morreu num campo de concentração sua filha encontrou um monte de papeis que não quis ler para não aumentar o sofrimento, pensando que eram diários. Isso ficou esquecido durante quatro décadas, até quando por acaso mexeu no material e descobriu que era um romance que sua mãe havia escrito mas infelizmente não concluído. Resolveu procurar uma editora que lançou a obra que acabou sendo um grande Best-seller (o final não muda muito porque é interrompido num momento chave e resolvido com uma voice over, ou seja, em off). Este filme tinha um preâmbulo onde aparecia justamente a filha (vivida por Eileen Atkins). Mas resolveram cortar a sequência porque acharam que iria confundir mais o espectador.

Agora a história é narrada linearmente apenas um pouco na França (Marville, na Lorraine) e mais na Bélgica (Hainaut, Virton, Brabant Wallon). O interessante é que a produção conseguiu reunir um elenco que hoje é mais famoso. É o caso de Margot Robbie (de O Lobo de Wall Street) que tem cena como camponesa de peruca morena. A inglesa Ruth Wilson hoje é conhecida pela série The Affair, fazendo uma camponesa que é casada com um rebelde que vira partisan (o ator Riley é conhecido por Control e Malévola). A protagonista é a americana Michelle Williams (que já indicada a 3 Oscars) que não está nos seus melhores dias e como a mãe chata dela é um desperdício da geralmente excelente Kristin Scott Thomas. Há ainda outra presença forte que é a figura de Matthias Schoenaerts que é belga e se tornou o galã europeu favorito do momento em filmes como Ferrugem e Osso, Longe Deste Insensato Mundo, Bullhead, Um Pouco de Caos e o atual A Garota Dinamarquesa.

O diretor inglês Saul Dibb, que também escreveu o roteiro baseado no livro autobiográfico descrito acima, dirigiu antes o bem sucedido Duquesa, 08, e o desconhecido Bullet Boy, 04. Embora feito no capricho, o filme não traz nada de novo que não tenha sido contado em vários outros semelhantes, o romance entre uma jovem francesa que vive numa casa confortável no interior com um oficial alemão nazista (Matthias) que é bonitão, educado, gentil e cavalheiro. A crítica ao relacionamento das jovens francesas com o invasor nazista é de passagem porque também não há muito tempo para desenvolver o romance central, embora na aldeia haja crise por causa de um rebelde e a ordem de matar um nobre local (Lambert Wilson). Começa com a queda de Paris (e tem aquela cena clássica dos fugitivos vindo por uma estrada quando são atacados por aviões inimigos) e nem é bem justificado o dilema da heroína, talvez em parte pelo dia infeliz de Michelle.

O nazista bonitão também toca piano e daí o titulo pretensioso mas não bem resolvido.