O diretor Aluizio Abranches é conhecido pela qualidade de seus trabalhos, no ousado Um Copo de Cólera (99) com o mesmo Alexandre, o romântico gay Do Começo ao fim (2009), com João Gabriel, que aparece aqui como o noivo. Mas houve pouco que conseguiu fazer trabalhando com um roteiro muito fraco do também ator Fernando São Thiago (ele faz o fotógrafo que vem se juntar ao grupo e fica namorando Bianca Comparato). Na verdade esta é uma comédia sem nenhuma risada com uma situação absurda e mal desenvolvida. Nem mesmo Alexandre Borges, sempre confiável, conseguiu compor um personagem palpável e lógico, na figura de um veterano (ele diz numa frase que gastou a herança da família com mulheres e viagens) que agora mora numa casa pequena mas muito bem decorada, enquanto trabalha gravando casamentos. A idéia até que não é ruim, mas ele teria que ser uma figura mais popular, não elegante e inviável, já que é uma profissão de muito trabalho e baixo salário. E muito povão.
A sensação que tive foi que o autor viu muitas comédias antigas americanas e dali desenvolveu figuras que não tem a menor lógica na atualidade. Veja também o caso de Camila Morgado, que faz uma loira sempre muito chique (embora paupérrima, mas se pensar bem ela é uma chata, meio louca e não temos qualquer informação concreta sobre ela). Qualquer homem experiente fugiria dela como o diabo da Cruz e jamais se apaixonaria. Nos anos 30, havia Carole Lombard, nos 50 Marilyn Monroe e ambas poderiam conquistar o espectador com seu charme. Também na época as pessoas eram menos exigentes, bastava ter timing de humor para funcionar. Aqui Camila faz tudo para ficar engraçada, mas não lhe deram nada de consistente para ela trabalhar.
É verdade que se grita menos do que na média das comédias brasileiras, mas isso não é vantagem. Tudo é absurdo, passado num limbo em especial toda a história do casamento, o comportamento da noiva, da sogra, da charmosa Christine Fernandes que começa uma coisa e depois vira outra sem mais nem menos... E por aí vai.