Esta época do ano sempre foi considerada o pior momento para se lançar filmes (especialmente brasileiros) já que está todo mundo com a cabeça virada pensando em festas natalinas (ou seja, fazer compras, frequentar festas da firma, controlar o dinheiro que anda escasso). E para completar um evento importante, a estréia mundial do novo Star Wars que as pessoas estão esperando faz anos e com certeza devera arrasar a concorrência. Tem pouquíssimo espaço então para uma comédia como esta, feita por diretor pouco conhecido como diretor da firma de comerciais Da Cine (alguns trabalhos dele você pode conferir, no You Tube, o mais recente famoso é o das sandálias Alpargatas).
Este projeto abençoado pela família de Nelson Rodrigues (o filho é co produtor) cria um roteiro inspirado em várias histórias de uma coluna que o grande autor teve na imprensa, chamada A Vida Como Ela É (e que chegou a virar uma serie de curtas, por sinal muito bem feitos, para o Fantástico da Globo. Cheguei a comprar o DVD e curti muito o resultado). Aqui é tudo mais modesto, mas curiosamente a sessão que assisti tinha público razoável, mas quase todo feminino (que riu bastante embora o equilíbrio entre humor e drama no filme seja bastante precário). Enquanto visivelmente a produção foi feita pensando no masculino, já que tem com frequência cenas de nudez, aliás uma delas demonstrando a inegável beleza da mulata Lidi Lisboa.
Em vez de dividir em episódios, gênero que o Brasil se desacostumou, o filme conta a história meio semelhante de maridos e mulheres (estas quase sempre infiéis e sempre mais inteligentes e espertas que os homens). Infelizmente o elenco é irregular, a ponto de se destacar numa ponta de pouco mais de dois minutos Luana Piovani, em plena forma e timing perfeito.
Talvez tenha sido um problema também se fixar em cenografia de época, anos 50 (mas por que não colocaram na trilha musical canções da época, não é possível que elas custassem tanto assim!?). O fato que são poucos os atores que tem presença ou experiência para segurar os personagens (por isso o destaque num papel ingrato da figura enorme em vários sentidos, de Ernani Moraes, com um garçom que tenta conseguir penicilina para salvar a esposa de uma doença mortal!).
Gosto também de Gabriela Duarte, uma boa atriz muito pouco explorada, mas em regra geral o elenco não é bem escalado e ao diretor faltou mais coesão e mão leve. Ainda assim em tempos normais ou antigos, o filme poderia ter sido consumido por um público maior.