Crítica sobre o filme "À Beira Mar":

Rubens Ewald Filho
À Beira Mar Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/12/2015

Não confundir com o Beira Mar, o filme gaucho gay que acabou de sair de cartaz (me parece que erraram porque não quiseram assumir na publicidade seu público alvo). Este aqui é o terceiro filme como diretora (e roteirista) de Angelina Jolie Pitt (ela assumiu o nome do marido), um projeto de total vaidade que é o primeiro encontro na tela do casal famoso que não trabalhava junto desde o notório Sr. e Sra Smith (exatamente há dez anos atrás quando os dois se conheceram e mudaram a vida deles, no meio de um grande escândalo. Há ainda gente nos EUA que não a perdoa porque Brad largou sua então companheira Jennifer Aniston por ela!).

Só que o projeto é totalmente diferente, na verdade, uma história que segundo a diretora foi inspirada na própria vida de sua mãe (já falecida de câncer) que vai mal de bilheteria mas que custou apenas dez milhões de dólares. Totalmente filmada numa ilha extremamente fotogênica que parece Grécia mas que se trata de Gozo, que faz parte da Ilha de Malta! A história (?) se é que tem, é em cima do casal que nos anos 70, chega a um hotel muito chique de um carro sofisticado para passar alguns dias. Ele, Roland é um produtor/ escritor que não está conseguindo escrever com bloqueio e Vanessa (Jolie) que foi bailarina. O filme é todo sofisticado com uma direção de arte de revista de decoração e um cuidado em todos os detalhes, incluindo a trilha musical do notável Gabriel Yared (Oscar por O Paciente Inglês), fotografia de Christian Berger (indicado ao Oscar por A Fita Branca), desenho de produção de John Hutman (que era a única coisa decente de O Turista fracasso do qual Angelina o salvou).

Obviamente o casal está em crise, quase não se falam (a explicação para os problemas será revelada apenas nos últimos cinco minutos) e para ter alguma dinâmica na história ela descobre que há um buraco na parede do quarto onde é possível observar o que está acontecendo com o casal vizinho (eles veem mais do que a gente, aliás perdem uma boa chance de tornar os espectadores em voyeurs!). Eles são os famosinhos franceses Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios, que por sinal também é diretora) e Melvil Poupaud (Lawrence Anyways, O Tempo que Resta).

Pena que o filme se arraste e mesmo com alguma nudez da diretora, nunca consiga emocionar ou nos envolver. Parece mais uma produção francesa de arte dos anos 70. E tem ainda o choque para o espectador masculino concluir que Deus é justo e até Brad Pitt envelhece.