Crítica sobre o filme "Memórias de Marnie, As":

Rubens Ewald Filho
Memórias de Marnie, As Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/11/2015

É difícil não ser admirador dos famosos Studios Ghibli japoneses, ainda mais agora que estão ameaçando inclusive fechar as portas depois da aposentadoria em 2013 do seu criador mais célebre, Hayao Miyazaki. Até agora não houve a confirmação oficial, até onde consegui saber, mas há o risco de apenas realizarem projetos menores. Seria uma enorme perda não só para fãs mas a própria animação mundial, já que eles tem um estilo muito especial, de grande delicadeza e encantamento.

Este Marnie (nada ver com o homônimo de Hitchcock) foi feito por Yonebayashi foi um dos animadores desde o primeiro sucesso (A Princesa Monokone, 97), mas antes fez apenas um longa, O Mundo dos Pequeninos (2010, que eu desconheço). Antes de tudo é bom deixar claro que é indicado para meninas que estarão mais abertas a sua história e sensibilidade. E será preciso uma certa paciência porque não há alivio cômico e somente uma canção ao final (Fine on the Outside interpretado por Priscilla Ahn). A história é um pouco complexa (e a mim fez lembrar um clássico romântico americano chamado O Retrato de Jennie, de 49 com Jennifer Jones, que tinha uma heroína parecida com Marnie). E o romance original de 67 é britânico, situado em Norfolk e por isso não dispensa fantasmas!

O que eu estranhei foi que a principio achei que a protagonista era um menino (de olhos azuis, mas o cabelo e a própria atitude engana durante bastante tempo!) com problemas de autoestima (ele diz se odiar quando tem um ataque de asma). Chama-se Anna Sasaki, tem 12 anos, e não tem amigos na escola nem se dá bem com os pais porque só bem mais tarde vamos descobrir porque é adotiva e se ressente porque os pais recebem dinheiro do governo para cuidar dela, o que seria sinal de falta de amor. Diante da crise de saúde ela é mandada para a casa de uns conhecidos que vivem no litoral, de fronte a uma baia com espécie de pântano ou charco. E diante do mar há uma velha mansão que parece abandonada. Só que ela acaba descobrindo que tem uma garota loira por lá, que é justamente a Marnie. Que poderia ser uma figura de sua imaginação, mas um diário lhe fornecerá outra explicação... Bastante convincente.

O que sustenta o filme é sua implacável beleza, com imagens que são pinturas e tem momentos sentimentais, que Miyazaki tanto desprezava.