Crítica sobre o filme "Mistress America":

Rubens Ewald Filho
Mistress America Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/11/2015

Sempre acho quando os diretores encontram mulheres/musas que os inspiram a escrever roteiros e fazer filmes em torno de sua beleza ou personalidade. Os exemplos são tantos (como Vadim com Brigitte Bardot e Jane Fonda, Walter Hugo Khouri com Lillian Lemmertz, e o próprio Baumbach com Jennifer Jason Leigh, agora substituída por Greta Gerwirg com quem escreveu o roteiro).

Sua carreira é curiosa mas irregular e acho que se deu melhor justamente aqui numa comédia influenciada pela chamada comedia screwball (algo como maluca!) e até mesmo o teatro de boulevard a la Feydeau. O fato é que Greta tem um tempo de humor muito peculiar, que até agora tendia ser cansativo e até irritante. Mas pelo jeito sabe o que é bom para ela porque usa seus exageros e sua persona da maneira mais adequada, passando do estilo Woody Allen (para quem Greta fez Para Roma, com Amor) até inspiração nos clássicos do gênero que tinham Carole Lombard e Jean Arthur. O fato é que a dupla fez seu trabalho mais acessível, divertido e menos pretensioso.

Greta faz Brooke, uma garota desajustada que mora em Nova York e tenta conseguir investidores para um projeto de Restaurante no Brooklyn. Ela fala demais, não é nada confiável, mas tem bom coração (por exemplo, seu apartamento foi lacrado e ela resolve isso entrando pelo vizinho de baixo e usando a escada de incêndio!). Tem muita vida e isso atrai a amizade de Tracy (Lola) de 18 anos, que vem a ser contra parente (a mãe de uma está para se casar com o pai da outra, ou seja, quase irmãs). Tracy é outra que se mudou para Nova York e sonha em ser escritora, projeto que vem sendo rejeitado na Escola que frequenta. Onde tem dificuldade de fazer amigos. Claro que nada é realista, todos falam coisas inteligentes, agem como invenção de cinema. Mas que mal há nisso? Ao contrário, as tiradas vão ficando engraçadas e mais oportunas, chegando no clímax numa casa em Greenwich, Connecticut onde vai tentar conseguir novo financiador. Um rico ex-namorado de Brooke.

É uma sequência longa bem divertida, com atores nada conhecidos tendo a chance de brilhar. Retratando cinicamente o mundo de artistas e aspirantes a isso, onde impera a inveja e o mau caráter, que mesmo assim esconde o talento. Experimente que vão se divertir. Um detalhe: o brasileiro Rodrigo Teixeira é co produtor.