Crítica sobre o filme "Aliança do Crime":

Rubens Ewald Filho
Aliança do Crime Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/11/2015

Na lista de grandes filmes de gangster da História do cinema não haverá lugar para este filme desnecessariamente violento e mal humorado, que serviu ao menos para retardar a decadência da carreira de Johnny Depp, que depois de uma sucessão de fracassos chegou a impressionar os mais incautos com uma maquiagem competente que o deixou quase irreconhecível para torná-lo parecido com um dos bandidos mais terríveis da história recente dos EUA, mais particularmente da cidade de Boston, e que teria sido a inspiração para o filme de Martin Scorsese, Os Infiltrados (06).

Ele interpreta com o cabelo para trás, revelando entradas, como James Whitey Bulger de origem irlandesa e que forneceu armas para o IRA (um fato que o filme não explora muito) e que inacreditavelmente (Spoiler!) passou anos escapando da Lei e trabalhando com o FBI (porque um dos chefes da organização era amigo de infância dele e fizeram acordo em que se autoenfurnavam e se protegiam. Em troca, eles derrubavam a ação da Máfia Italiana, que ficava em outra região da mesma cidade.

Não gostei do filme porque acho o diretor sem talento, sem criação, realizando um trabalho banal e igual a dezenas de outros. Não aprecio os filmes anteriores desse jovem ator chamado Scott Cooper que fez antes o musical country Coração Louco (que deu discutível Oscar de ator para Jeff Bridges em 2009) e o médio Tudo por Justiça (13) com Christian Bale. Ele limita-se a encenar assassinatos e mesmo assim sem o brilho e criação de gente como Michael Mann ou Scorsese ou mesmo aquela brilhante sequencia da série de TV True Detective, Parte 2.

O roteiro não faz qualquer esforço para tornar mais humano e aceitável a figura do Bulger, que Depp faz com voz pastosa e total frieza. Nem mesmo quando tem problemas com um filho que fica doente, com sua mulher (Dakota). O que se vê na tela é um desprezível e frio assassino mentiroso, sem honra e sem lei, que merecia final pior do que lhe destinaram. O filme nos EUA que custou 53 milhões de dólares rendeu por volta disso mesmo já em final de carreira. A ideia de que Depp seria indicado ao Oscar me parece exagerada até porque recentemente declarou que não queria nunca o prêmio!

Resta falar do elenco que é muito irregular. O australiano Joel Edgerton joga fora um papel que poderia ser marcante, Benedict Cumberbatch não tem o que fazer em papel de nada, e quem sobressai são dois coadjuvantes que tem morte em cena, muito bem interpretadas, quase roubam o filme. Peter Sasgaard como bandido drogado e Juno Temple, como uma prostituta.

O filme porém é decepcionante e não significa a redenção que Depp está buscando.