Crítica sobre o filme "Amizade Desfeita":

Rubens Ewald Filho
Amizade Desfeita Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/11/2015

Mais cedo ou mais tarde alguém ia fazer um filme como este, que custou um milhão de dólares (muito até para sua falta de recursos) e rendeu  31 milhões de dólares (e já tem uma continuação em andamento). Quem produziu é o conhecido russo Timur Bekmambetov (O Procurado com Angelina Jolie, Guardiões da Noite, Guardiões do Dia, produtor também da animação Reino Gelado 2 que deve estrear breve ) que teve a ideia (puro Ovo de Colombo) de fazer um filme inteiro passado em computador/lap-tops, na casa de um grupo de adolescentes inquietos (atores desconhecidos) que reagem ao suicídio de uma garota, cuja morte foi capturado por uma câmera. Não é fato real mas podia ser. Como também podia ser muito mais interessante e com suspense e com clima, porque o exercício de ver gente gritando e reagindo nas telinhas acaba por virar enfadonho e ate irritante. Não há dúvidas que os teens vão apreciar a ideia (Ah, porque eu não tive essa ideia antes, podem ate dizer!). Mas se é curiosa e podia ser mais que original e intrigante, instigante e reflexivo, se torna quase insuportável.

Para piorar temos um horrível titulo nacional para uma situação que passa em tempo real, sem truques (uma única vez um dos personagens pega o laptop e anda pela casa). Fora disso, é um papo interminável entre seis adolescentes ou que textam ou entram no chat. Ainda que pareça ter uma força sobrenatural (sim é um filme de terror, ou pretende ser!) que faz com que eles desapareçam aos poucos. Um dos problemas do filme é que todos esses personagens são egocêntricos e antipáticos, para não dizer que só escrevem com palavras reduzidas ou gíria. A figura central é a adolescente Laura (Heather) que se matou por não suportar ver um vídeo mais ou menos sensual ser exposto para todos. Todos os que entram na conversa também são monitorados por um anônimo que parece ter acesso a todos. E a reação deles, ela bem que mereceu o que teve. Enfim, já se imagina que um a um eles irão ser eliminados, ainda que sem muita lógica mas de acordo com as regras do gênero.

Há porém para os possíveis fãs do filme alguns detalhes curiosos. Por exemplo todas as contas do Facebook que aparecem no filme existem realmente. Tudo filmado numa única casa em quartos diferentes. Os atores não sabiam todo o script e deviam reagir improvisando cada vez que informação nova surgia. Seria tudo uma longa tomada em tempo real, rodada durante 16 dias. Foi inspirado nos suicídios verdadeiros das teens Amanda Todd e Audri Pott. Todo o elenco foi testado via Skype. Os quartos dos personagens foram decorados pelos respectivos atores. A ideia do filme já existia há 15 anos, desde 1999. O elenco pensava que eles todos eram vitimas e Laura era a bully e só na edição final que descobriram o resto.

Como se percebe, a filmagem deve ter sido interessante. Pena que o resultado é bem menos divertido. A versão nacional dizem foi toda feita para o português.