Assisti sozinho numa boa sala de cinema mais um equivoco do cinema nacional que infelizmente estraga o que é um bom filme. O difícil é descobrir isso. Eu mesmo tive dúvidas quando observei o titulo infeliz (que ao final de contas não quer dizer nada e faz pensar em comédia, assim como o cartaz dele reforça a impressão). Mas na verdade é um drama que devia se dirigir diretamente aos jovens ou aos que foram jovens nos anos 80. O que é um público arisco ao cinema nacional.
Uma pena porque é um filme muito interessante, realizado por João Araujo, homônimo do pai de Cazuza (falecido em 2013), e que parece ser mais conhecido como Johnny Araujo e foi o realizador de O Magnata (ao menos foi tudo que consegui no Google). O projeto é ratificado pelos produtores (inclui os atores Muller e Serrado, o autor Marcelo Paiva, Bruno Mazzeo e outros).
De qualquer forma, como descobrir que, por trás de tanta banalidade, existe uma história envolvente sobre dois amigos cariocas muito jovens, que desejam ser músicos e alugam um espaço que transformam em bar para shows. Ainda que gastem tudo em uísque e baseados. Na verdade, se o Brasil fosse um pais sério e tivesse um indústria de cinema pra valer, este filme seria suficiente para transformar em estrela a sensual, bela e eficiente Maria Casadevall (que estava em I Love Paraisopolis como Margot e aqui faz a garota maluquete que se liga a um dos rapazes provocando paixão no outro (Romulo Estrela, que está em Além doTempo).
O curioso é que o filme é contado em dois tempos, na atualidade quando um dos heróis se tornou funcionário de organização de projetos culturais (Otavio Muller) e outro, que ficou cego num acidente de carro (Marcelo), faz sucesso como cantor meio brega mas super paquerado por mulheres. Os dois não se viam a muito tempo quando se reencontram num hospital onde a agora adulta namoradinha deles, a junkie, é internada em estado grave. Eles então começam a lavar a roupa suja. Mas a surpresa é que antes do final toda a história sofre uma reviravolta inesperada que levanta bem o filme.
É claro que hoje em dia o cinema nosso como aliás o americano não presta atenção mais na escalação de elenco e o que tinha olho claro quando jovem podem ficar escuros quando mais velhos. Enfim, apesar disso temos um Marcelo Serrado bem mas quem dá o show mesmo é Otavio Muller, que deveria ser premiado por este trabalho incrível (ele foi melhor coadjuvante em Gramado este ano mas por outro filme. Um Homem Só). Só seu trabalho já devia garantir o ingresso.