Crítica sobre o filme "Cidade de Deus - Dez Anos Depois":

Rubens Ewald Filho
Cidade de Deus - Dez Anos Depois Por Rubens Ewald Filho
| Data: 06/11/2015

É daquelas ironias do cinema, pronto já dois anos, só agora consegue lançamento. E filme não é que nem vinho, envelhece na prateleira e muito se perde. É perecível. Talvez na época em que foi rodado tivesse maior impacto (e não se deram ao trabalho ou custo de atualizá-lo) embora não passe de um making of, em busca de um escândalo, de um novo caso Pixote.

Embora sejam simpáticos em creditarem a jornalista Rosario Caetano como autora da ideia inicial, o filme falha no mais óbvio. Não apenas deixa de lado entrevistas/depoimentos de atores importantes do elenco como Matheus Nachtergaele e Graziella Moretto, como principalmente os responsáveis pelo projeto, sejam produtores, seja o diretor Fernando Meirelles (cuja palavra é fundamental), seja sua assistente Katia Lund, seja a parte técnica (fotografia, música etc.) e explicar melhor suas continuações (feitas para a TV e uma para cinema!). Da maneira que está é um repetitivo samba de uma nota só, onde se ouve e tornar a ouvir os lamentos dos na verdade simpáticos habitantes de periferia que tiveram a chance de participar do filme, sentiram o bafejo da fama para depois caírem na realidade e ao menos num caso chegarem a se tornar ladrões. Todos que depõem são simpáticos e humanos mas nada é conclusivo e com frequência confuso. Por outro lado tem uma participação de Alice Braga, a única que partiu para carreira internacional e tem-se o depoimento sóbrio dos hoje profissionais Jonathan Haagensen e Thiago Martins (que não tinha percebido que era aquele pequeno matador de Zé Pequeno e que hoje virou um bom ator de novelas e cinema).

Enfim, o documentário poderia ser um extra de alguma reedição em DVD ou Bluray do filme. Mesmo assim seria descartável.