Crítica sobre o filme "Capital Humano":

Rubens Ewald Filho
Capital Humano Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/10/2015

Infelizmente ainda não é muito conhecido no Brasil o diretor Paolo Virzi que é um afilhados de Cannes (mesmo sem ser premiado, basicamente levou muitos David de Donatello italiano inclusive este filme que foi escolhido como melhor filme e roteiro, atriz Valeria, montagem, som, coadjuvante (Golino e Fabrizio Gifuni). Foi indicado ano passado para o Oscar de filme estrangeiro sem ficar entre os finalistas. A confiar no IMDB na verdade este é o primeiro filme do diretor a passar comercialmente por aqui (depois ele já fez La Pazza Gioia, 15).

Baseado em livro de Stephen Amidon, de 2014, não é uma comédia como outros trabalhos de Virzi, mas um drama de crítica social, transposto de um subúrbio de Connecticut para um lugar igualmente rico e pretensioso de Milão. Curiosamente o diretor utiliza aqui dois diretores de fotografia diferentes, um para as cenas de verão, outra de inverno (respectivamente Simon Beaufils e Jerome Almeras). Há um diálogo no livro que explica o titulo “existem computadores que tem como calcular o potencial de cada pessoa. Seu capital humano, assim que o chamam. Você alimenta a máquina com informações (Data) e eles te mostram qual é o “tamanho de um homem” (nos letreiros finais há outra explicação ainda mais clara).

O inicio do filme já serve de alerta para todos os ingênuos que estão levando a sério a loucura do atual prefeito de São Paulo querendo convencer que devemos todos andar de bicicleta. O filme começa num banquete (o prêmio Cottafavi que deve ser uma homenagem ao diretor de fitas de ação Vittorio Cottafavi) onde um dos empregados que fazem a arrumação sai um pouco mais cedo e pega sua bicicleta para voltar para casa, na paisagem gelada. Os letreiros aparecem em cima do ciclista que não demora muito é colocado para fora de uma pista e cai fora da estrada coberta de neve. Assim começa o mistério policial.

Voltamos para seis meses antes, quando numa mansão com piscina e quadra de tênis, um homem que trabalha com imóveis (Fabrizio) tenta frequentar os super ricos, já que tem uma filha bonita que namora o filho do dono da casa e sua mulher é médica (Valeria Golino, já senhora). Vamos conhecer também a dona da casa diletante (Bruni Tedeschi) e o marido pretensioso. Mas o culpado pelo acidente só vamos começar a descobrir depois de uma hora de projeção. Ainda assim o filme não consegue ser nem thriller policial, a critica social é muito fraca porque não vai atingir profundamente uma gama de pessoas ainda tão influentes, no fundo vira apenas um casinho policial de interesse relativo. O cinema italiano já foi mais longe do que aqui, que está longe de ser um filme merecedor de tantos prêmios.