Crítica sobre o filme "Tristeza e Alegria":

Rubens Ewald Filho
Tristeza e Alegria Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/09/2015

Indicado no ano passado para o Oscar de filme estrangeiro (não ficou entre os finalistas), este é um drama de um diretor veterano e extremamente consagrado sem sua terra, por causa de seus trabalhos que giram em torno principalmente de adolescentes, seus romances e frustrações. Ao que se sabe nenhum deles passou comercialmente aqui e é uma surpresa ver em cartaz esta história autobiográfica, feita com muita delicadeza e simplicidade. Se fosse os americanos, teriam produzido um telefilme repleto de melodrama e trilha musical suntuosa. Mas ele preferiu contar a tragédia de uma maneira muito peculiar, humana, mas também fria como a paisagem que eles habitam.

O protagonista é portanto é Johannes um diretor de cinema ainda relativamente jovem e bem sucedido (há até uma sequência passada em Cannes onde ele mostrava um filme) que conhece Singe,uma professora por quem se encanta e eventualmente desposa. Mas a história já começa com outro choque. Johannes está voltando de uma palestra que teve que dar numa cidade próxima para retornar e encontrar a casa em que vive com a mulher e a filha, ainda um belo bebê de olhos azuis. Acontece então o choque quando a sogra lhe conta que a esposa que seria maníaco depressiva (ou seja, bi polar), matou o bebê a facadas e agora está num hospital. Já espanta a reação dele, qualquer pessoa latina correria para o quarto, sairia chorando, batendo nas paredes ou na pessoa mais forte. Ele engole tudo com paciência e ainda mais quando inexplicavelmente os alunos da escola onde ela lecionava a querem de volta mesmo assim, aliás com o apoio dos pais que assinaram manifesto!

Daí em diante, aos poucos, enquanto ele fala como um psiquiatra, vamos sabendo de como o casal se conheceu, como ela foi revelando a doença (teve um irmão também que se suicidou, os pais dela são bem esquisitos, inclusive a mãe que largou a filha sozinha e seria na verdade a culpa pelo assassinato). Também vemos trechos dele fazendo cinema e até se interessando por uma ninfeta, mas é curioso que o filme em vez de crescer em suspense, vai caindo no interesse de tal forma, que quando dá um pulo de vinte e tantos anos, é com letargia que esperamos por uma conclusão curiosa mas igualmente pouco verossímil. Ainda assim mesmo fique distante do povo latino, o filme pode interessar médicos, psicólogos, pessoas com problemas semelhantes. Mas como cinema, certamente o Sr. Malmros deve ter coisa melhor.