Crítica sobre o filme "Julgamento de Viviane Amsalem, O":

Rubens Ewald Filho
Julgamento de Viviane Amsalem, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 18/08/2015

Este drama israelense inspirado em fatos reais, foi indicado ao Globo de Ouro de filme estrangeiro em 2015 (perdeu para o russo Leviatã), ganhou melhor filme e ator coadjuvante (Sasson Gabal) da Academia Israelense e mais 10 indicações, prêmios no Festival de Jerusalém, Chicago, Oslo, National Board of Review, Hamptons, Hamburgo, San Sebastian, Palm Springs e foi a indicação oficial para o Oscar de filme estrangeiro (outra perda para o inferior Leviatã).

Extremamente direto e simples, sem firulas, o filme me interessou muito, ao revelar que em Israel não há casamento civil nem divórcio civil. Só os rabinos podem legitimar um casamento ou divórcio. Mas essa dissolução só acontece com o total consentimento do marido. Que no final das contas tem mais poder que os juízes. Aqui a heroína Viviane (feita pela também codiretora do filme) está a três anos pedindo o divórcio, enquanto ela tenta vencer a intransigência do marido. Tudo se complica quando de forma absurda problemas pessoais são trazidos ao julgamento.

A história foi inspirada na própria mãe da diretora, e é contada em três capítulos, (Tomar uma Mulher, Os Sete Dias e o ultimo que leva o título do filme). Primeiro a heroína Viviane mãe de quatro filhos vive sob a pressão muda do marido que não consegue deixar. Depois reúne todos os parentes próximos e já esta separada dele. Mas é na terceira e última parte que ela vai tentar buscar o manuscrito que lhe dá o divórcio (que seria o Gett do titulo original).

Num cenário despido de uma sala de audiências, tudo muito cru e direto, participamos da discussão, da querela e da decisão. Meias verdades, injustiças (um marido testemunha no lugar de sua mulher proibida de falar), o filme é direto, sem tempos fortes, ou qualquer romantismo. E talvez por isso mesmo ainda mais tocante.