Crítica sobre o filme "Gemma Bovery - A Vida Imita a Arte":

Rubens Ewald Filho
Gemma Bovery - A Vida Imita a Arte Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/08/2015

Os franceses sempre gostaram de fazer adaptações de clássicos da literatura, com frequência atualizam a ação ou criando paralelos com a atualidade. A diretora Anne Fontaine (Coco Antes de Chanel, Amor sem Pecado, O Preço da Traição, Nathalie X) demonstra outra vez sua competência. É verdade que o filme poderia ter mais tensão, maior suspense e a trama poderia ter sido desenvolvida com maior desenvoltura. Mas que gosta de literatura e por tabela certamente admira a obra-prima Madame Bovary, vai se interessar por esta história situada numa cidadezinha rural da Normandia, em torno de Rouen, Auberville, Doudeville.

É curiosa a ideia de utilizar a atriz inglesa Gemma Atterton que estrelou o filme O Retorno de Tamara (10), de Stephen Frears, que era uma homenagem ao escritor Thomas Hardy (inspirado em livro dele, rodado na região onde situou suas obras, e com personagem que faz obra sobre ele). Ou seja, menção em cima de menção. Essa moça chamada justamente Gemma Bovery se muda para o interior junto com o namorado inglês (Flemyng) restaurador de antiguidades, onde é recebida pelo confeiteiro/ padeiro Martin Joubert (o excelente Fabrice Luchini) infelizmente num papel passivo demais, pouco mais faz do que ficar observando a ação. Ele persegue a semelhança entre Gemma e Madame Bovary, que enfastiada com a vida de aldeia, arranja amantes, é desprezada por eles e eventualmente se suicida (não se preocupam porque o final aqui é muito mais original!).

Os amantes surgem (inclusive um muito jovem, o loirinho Niels Schneider), a história é mais curiosa que outra coisa, talvez por Gemma a atriz não tenha a força para segurar um filme sozinha. Mas não há dúvida que é um curioso exercício, com belas paisagens, romance e pães muito atraentes.