Não me perguntem por que fazem sempre continuações de sucesso. A resposta é óbvia. Veja o caso da produção britânica original, O Exótico Hotel Marigold (12) que rendeu 46 milhões de dólares nos EUA e mais 96 no resto do mundo. Foi indicado a dois globos de Ouro (comédia e atriz Judi Dench), Bafta de filme britânico, SAG de elenco e coadj (Maggie). Ainda em cartaz nos cinemas americanos esta continuação já rendeu decentes 32 .586 milhões, já que o orçamento foi apenas de 10 milhões, que seria igual ao do primeiro (além disso acrescente mais 49 milhões de dólares do mercado externo).
Rodado praticamente nos mesmos lugares (o hotel é o Pearl Palace Heritage Guesthouse, Jaipur, Índia), com rápida passagem pela Almeria, Espanha, o filme continua explorando os anos dourados de duas grandes figuras das artes britânicas, que por sorte são também amigas, Maggie Smith (que continua em Downtown Abbey) e Judi Dench (e curiosamente nasceram há 19 dias de diferença entre si, em 1934). São duas divas, que sabem dizer uma frase sardônica como ninguém e que ajudam a manter vivo e alegre, um filme que obviamente não precisava ser feito. Mas que também não incomoda. Apesar de nem se darem ao trabalho de explicar quem é aquela gente, de onde vieram, supõe que todo espectador já viu o filme anterior... Que há um grupo de aposentados britânicos, que resolve se mudar para Jaipur, na Índia, onde se fixam num hotel decadente, que ajudam a recuperar. Enquanto isso a vida deles ganha novo frescor e perspectivas, apesar de encontros e desencontros profissionais e amorosos.
O trailer muito exibido ao menos explica o básico. O Dev Patel que faz gerente ambicioso resolve abrir uma filial do Marigold, com a ajuda de Maggie e atrair novamente a presença dos velhos amigos (e inimigos) trazendo ainda o reforço do grisalho mas ainda popular Richard Gere, que se apresenta como um escritor. Que irá se interessar romanticamente pela mãe do rapaz (Lilette). Teve crítico que chegou a brincar dizendo que o filme lembrava muito Cocoon, que algo de energético deve existir na água. Outros que reclamaram dos vários finais. Mas eu gostei da grande sequência musical no melhor estilo de Bollywood, que também aparece no trailer. Mas deve ser parte da estratégia de venda, o público já se sente confortável como aqueles personagens e situações e ficará feliz em passar mais duas horas junto deles.
Esta versão tem uma qualidade que me impressionou muito, a qualidade da fotografia, a explosão de cores da cenografia e direção de arte (certamente aprovada pelos partners sócios indianos do filme). Tudo é muito bonito, muito bem cuidado, figurinos cuidados. O roteiro já não é tão feliz porque não conseguiram histórias convincentes para todos os personagens. Na verdade para mim a melhor figura do filme é a que tem passagem mais rápida, a que vem buscar o divórcio feita esplendidamente por Penelope Wilton, de Downtown Abbey completamente diferente da série de TV. Richard Gere num papel mal escrito é o único que parece embaraçado de estar ali. Também é impossível ver filme sem pensar que na vida real, e na índia não deve ser diferente, homens velhos gostam de meninas novas e hoje em dia mudou muito e mulher de certa idade são cortejadas por rapazes, até porque em geral os mais velhos tem mais dinheiros que os jovens... Mas não é o que o filme mostra. Dev Patel cai no exagero não convincente, sua mãe é outra que parece constrangida e o romance de Judi Dench ficou repetitivo demais. A figura maior mesmo é Dame Maggie Smith, maravilhosa como sempre (felizmente não a matam como eu temi !!!). Ou seja, mais bonito que o primeiro mas redundante e longo demais.