Crítica sobre o filme "Enquanto Somos Jovens":

Rubens Ewald Filho
Enquanto Somos Jovens Por Rubens Ewald Filho
| Data: 18/06/2015

Não é bem uma comédia, o diretor Baumbach é um sujeito esquisito, que faz comédias sem risadas, dramas sem final (como se tivesse medo de concluir com denúncias ou algo mais profundo) e que por isso mesmo resultam mal (este filme custou apenas 10 milhões de dólares e até agora rendeu apenas 7 milhões e pouco, ou seja, não se pagou no mercado americano). E duvido que vá bem por aqui, desde quando os mais espertos perceberam que se trata de nada mais do que uma nova versão de A Malvada, só que em vez da aspirante a estrela da Broadway temos na mesma Nova York um jovem que quer ser um documentarista famoso e para que isso de certo não tem qualquer escrúpulo. Na verdade, o filme é francamente contra os jovens usando como epigrafe no começo um diálogo de Ibsen em The Master Builder, Solness, o Construtor (de 1892), onde um casal tem medo do jovens e recusa abrir a porta!

Até seria uma boa ideia colocar as gerações em conflito, caso tivesse arranjado uma trama menos óbvia e um protagonista mais inteligente. Ben Stiller faz Josh, um documentarista que teve sucesso muitos anos antes e agora aos 44 anos, com os primeiros sinais de velhice, não tem filhos (por sua mulher, a sempre fiel Naomi Watts) não pode tê-los. Há alguns anos ele está tentando editar um novo filme sem sucesso, ou sem patrocínio (embora eu não tenha conseguido descobrir de que o casal vivia! Será que o pai dela um cineasta famoso, vivido pelo grande Charles Grodin, estaria ajudando? Por que um salário de professor mesmo no EUA não é lá essas coisas). Até que em uma de suas aulas aparece um rapaz de 25 anos, Jamie (Adam Driver, que estourou imediatamente depois da primeira temporada da serie da HBO Girls, em 2012. E esteve também em Frances Ha, do mesmo diretor). Vem a tiracolo sua namorada, a ainda interessante Amanda Seyfried, que infelizmente parece ter perdido sua chance de estrelato.

Os dois casam, ficam amigos e os veteranos descobrem novos hábitos e costumes, chegando mesmo a experimentar drogas alucinógenas e a aceitar codirigirem um filme, lógico que um documentário. E de repente se descobre que Jamie não era ética, inventou tudo para se aproveitar do prestígio do sogro de Josh, ou seja, deu um golpe. Quando Josh tenta explicar, lhe dizem que isso não tem importância mais hoje em dia, onde todo mundo grava tudo! O que aliás Jamie está fazendo e ninguém leva a sério. A sequência final é apaziguadora e não convence. Foi por tudo isso que o filme que tem um ou outro momento mais engraçadinho, não conseguiu convencer ou encontrar seu público. Uma curiosidade: o diretor gosta de usar cantores veteranos que fazem pontas, no caso Peter Yarrow (que faz o velho que é entrevistado, é o mesmo líder do grupo Peter, Paul e Mary) e o marido amigo do casal é Adam Horovitz, roqueiro do grupo Beastie Boys (aliás o pai dele é o diretor Israel que dirigiu Minha Querida Dama atualmente em cartaz).