Crítica sobre o filme "Miss Julie":

Rubens Ewald Filho
Miss Julie Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/05/2015

Aguardava com expectativa este filme dirigido por minha musa a grande atriz norueguesa Liv Ullman, célebre por seus trabalhos com o falecido marido Ingmar Bergman. Ainda mais depois do êxito notável de crítica que teve ao dirigir no palco Cate Blanchett em nova versão de Um Bonde Chamado Desejo/Uma Rua chamada Pecado. Infelizmente ela não acertou num resultado apenas mediano, que não se compara nunca a versão original sueca de Senhorita Julia (51), de Alf Sjosberg com Anita Bjork, que era uma obra prima de delicadeza e precisão (houve outras versões da peça famosa, entre elas, Desejos Proibidos de Miss Julie, 99, de Mike Figgis, com sua então mulher, Saffron Burrows, e Peter Mullan. Ainda outra italiana em 2009 com Martina Codecasa e inúmeros versões para a TV e até uma versão gaucha, bem feita Noite de São João, 03 de Sergio Silva).

Michelle Williams era a escolha original de Liv mas ela teve outro compromisso e o papel ficou para uma atriz da moda Jessica Chastain que ainda não me convenceu. Rodado em Castelo Coole, em Enniskleen, na Irlanda, passa-se no século 19 e tem uma história muito sucinta, passada em poucas horas, numa festa que esta sendo organizada num castelo, e com poucos personagens, a protagonista Senhorita Julia, filha de um barão, que esta ficando solteirona e infeliz e começa a flertar com John, um empregado malandro da casa a serviço do pai dela, apesar da moral puritana e a separação rígida entre mestres e empregados. Há também Kathleen, a sofredora empregada da casa (Samantha), e um personagem que não aparece na peça original, a noiva sofredora de John.

Estamos em pleno meio do verão uma ocasião em que as pessoas estariam aproveitando o tempo quente, mas aqui eles não são vistos (o que foi um erro! Na versão sueca ajudava muito). Mas Liv optou por uma Julie ortodoxa, com sotaque discutível, que por trás de seu ar elegante esconde uma garota assustada ou vazia. Colin Farrell ao menos tem certa vida (os críticos ingleses o acharam muito parecido com Dirk Bogarde em papéis de cínico como em O Criado). Mas em tudo acaba sendo uma versão decepcionante de um grande texto teatral.