Crítica sobre o filme "Crimes Ocultos":

Rubens Ewald Filho
Crimes Ocultos Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/05/2015

Foi um tremendo fracasso de bilheteria este thriller policial (que não rendeu mais do que um milhão e duzentos mil dólares e no exterior pouco mais de 2 milhões. Não fornecem o orçamento dele) dirigido por um certo Daniel Espinosa e que foi basicamente rodado na Republica Checa em Praga (e não na Rússia). Daniel apesar do nome é sueco e veio de um filme de ação razoável (Protegendo o Inimigo, Safe House, com Denzel Washington). Para mim, o maior problema é outro, os que tem boa memória irão perceber que se trata de uma nova versão de uma velha história e de um fato real. E sua maior glória é ter sido proibido na Rússia, o que não é difícil de suceder na atual ditadura.

Cidadão X (1995) de Chris Gerolmo, foi produzido originalmente para a televisão fazendo a cobertura da investigação do célebre serial killer soviético chamado Andrei Chikatilo, vivido no filme por Jeffrey De Munn (no elenco estavam Donald Sutherland, Max Von Sydow, e Stephen Rea) e que foi condenado em 1992 de ter matado 53 mulheres e crianças entre 1978 e 1990. Basicamente contava a história da caçada que durou sete anos liderada pelo especialista Viktor Burakov (Rea) em busca da pessoa que mutilou e assassinou mais de 50 pessoas dos dois sexos (35 deles com menos de 18 anos). Ele é ajudado por seu chefe Col. Mikhail Fetisov (Sutherland) e depois pelo psiquiatra Dr. Alexandr Bukhanovsky (Sydow). Foi indicado ao Globo de Ouro de melhor minissérie e Donald Sutherland foi votado o melhor ator. Também levou o Emmy (teve indicações de elenco, direção, montagem, coadjuvante De Munn, telefilme, roteiro). Também foi premiado pelo Sindicato dos Roteiristas, nos Festivais do Cairo, Sitges, Cairo. Naturalmente o livro de Tom Rob foi inspirado diretamente neste killer e na verdade não traz nada de muito novo ou especial. O telefilme já denunciava a burocracia e propagandas soviéticas como terem contribuído a capturar o assassino, já que um sujeito desses não poderia existir num país comunista! Além disso, ele era membro do Partido. Isso só mudou com a glasnost e Perestroika, mas como se pode perceber nem tanto assim...

Esta versão é inferior apesar de ter um roteiro de um escritor reconhecido, Richard Price (que escreveu o roteiro de A Cor do Dinheiro, Irmãos de Sangue, de Spike Lee, O Preço de um Resgate, com Mel Gibson). Reuniram um elenco de qualidade embora alguns deles em pouco mais do que pontas (Charles Dance, Gary Oldman) e o papel central para o astro do momento, o Mad Max Tom Hardy. O francês Vincent Cassel substituiu Phillip Seymour Hoffman.

Co-produzido por Ridley Scott, houve um incidente no meio da filmagem quando foi despedido o fotógrafo Philippe Rousselot e entrou Oliver Wood. Nesta versão Hardy em 1953, faz um agente da polícia secreta soviética que não quer denunciar sua esposa (a sueca Rapace como traidora). Mandado para o interior como castigo, resolve investigar uma série de assassinatos de crianças perto da linha férrea.

Pode escolher outras razões levantadas pela crítica para não gostar do filme: ser longo demais, ter a cena sexy menos sensual do cinema, os piores sotaques, uma infeliz luta na lama. Sua maior qualidade é ao menos tentar tocar no assunto desprezado e imensamente trágico, os crimes cometidos pelo ditador e monstro Stalin. Os crimes que cometeu são tão horrendos que nem nos países como Estados Unidos são divulgados inteiramente. Por vezes iguais ou pior dos que os de Hitler.