Crítica sobre o filme "Cala a Boca Philip":

Rubens Ewald Filho
Cala a Boca Philip Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/05/2015

Vencedor do festival de Locarno (Prêmio Especial do Júri) este filme traz a marca Tribecca e foi feita pelo ator Alex Perry que dirigiu antes, O Circulo Cromático (11) e Impolex (09). Mas ele comete um ousadia que pode lhe custar caro, seu protagonista é um dos personagens mais chatos, mais insuportáveis da História do cinema. Câmera na mão, exagero em Closes, são já clichês do cinema atual. O original está justamente no fato do filme ter um narrador, que vai explicando mais sobre o protagonista, ou comparsas, às vezes de forma interessante. Aborrecida e chata em outras. E principalmente irregular porque no meio a voz desaparece. E temos que conviver com o Philip, o chato (no caso, a escolha de Jason, sobrinho de Coppola, é a escolha perfeita, baixinho, pretensioso, sempre infeliz e reclamando, ele tem feito uma carreira em cima dessa chatice. Mas nunca num papel tão longo quanto aqui).

Philip mora em Nova York e vive com uma namorada (Elisabeth Moss, a muito interessante atriz de Mad Men), com quem já esta em fim de caso. O primeiro livro foi sucesso, o segundo foi ignorado e ele se acha perseguido pelo mundo. As criticas são negativas e ele não sabe lidar nem com a imprensa, muito menos com seus editores, vai ficando mal criado e grosseiro, e obviamente fechando as portas. O único amigo que surge é um veterano escritor (o sempre confiável Jonathan Pryce, de Brazil) que tem paciência de conversar com ele e lhe convida para passar uma temporada de verão na modesta casa de campo dele, onde irá surgir uma também conflita filha.

Philip não é apenas um desastre socialmente, brigando com todos e sendo agressivo. É com ele mesmo a maior dificuldade, o problema porém é que fica muito difícil suportar uma figura assim. Na vida já teríamos tido uma crise, ou pior, e ido embora. Num filme ao menos podemos agradecer de estarmos experimentando tal dissabor apenas de mentirinha. No caminho de auto destruição e auto sabotagem de Philip fica pelo menos a lição de vida.