É provável que o público de dança e aquele que procura um projeto diferente, “mais artístico” embarque nesta história real, que foi dirigida por um jovem inglês estreante (este é o primeiro longa de Raymond que havia feito dois curtas e produzido o longa A Marca da Vingança com Jim Sturgess). A falta de experiência fica demonstrada numa narrativa medíocre, sem muita naturalidade, uma trama extremamente previsível. E uma discrição bem grande em denunciar os abusos e absurdos da ditadura religiosa do Irã, tudo muito polido e um detalhe estranho, o protagonista vivido por um certo Reece (que esteve em vários filmes inclusive Príncipe da Pérsia, Um Olhar do Paraíso, Hércules como Iolaus, no filme de Dwayne Johnson, 10.000 A.C.) mas que mesmo continua desconhecido. Embora faça o papel titulo, não se revela um grande dançarino e um ator coadjuvante que aparece nos números com ele, brilha muito mais ainda mais quando o reconhecemos como Lord Gillighan, de Dowtown Abbey. Muito mais vigoroso e convincente. Já a mocinha a indiana Frieda Pinto (Quem Quer Ser um Milionário?) é uma figura delicada, se move com finura mas esta muito mais cativante que em filmes de Woody Allen ou Os Imortais.
Um prólogo o mostra estudante interessado em artes, depois em dança mas tem a infelicidade de viver num momento em que o governo proibiu a dança em público (e o grupo de reacionárias sai pelas ruas batendo nos que insistem em dançar). Vai estudar na Universidade de Teheran onde vai fazer dois amigos que o ajudarão, Ardavan (o ingles Cullen) e Metran (estudante de engenharia). Nasce um primeiro grupo, um troupe, Freida faz Elaheh, filha de dançarina profissional que os ensina técnica. Tudo vai sucedendo mas o espectador não tem muita informação de contexto político para entender detalhes ou a dinâmica do protesto. É uma rebelião quieta e sofrida, que só terá logicamente seu clímax quando já ao final ele se apresentará na França. Mas será que só eu que sentiu a falta de mais dança?
Rodado no Marrocos, ainda o mais liberal dos países árabes.