Crítica sobre o filme "Acima das Nuvens":

Rubens Ewald Filho
Acima das Nuvens Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/04/2015

Estava fora do país quando estreou este filme que Assayas escreveu especialmente para La Binoche (Desordre, 86) antes dela virar super estrela, e L´Heure D´Eté, 2008, Horas de Verão). Embora tenha concorrido em Cannes não ganhou nada mas foi indicado para 6 Césars e foi ganhar justamente o mais inesperado, o de atriz coadjuvante que foi Kristen Stewart que foi assim a primeira americana a ganhar esse premio em toda sua história! E o mais surpreendente é que no papel da secretária dela, está no melhor momento de toda sua carreira, parece que finalmente acordou,estudou as réplicas, teve as reações certas, parecia até humana. Embora seu personagem seja muito interessante porque há um paralelo muito grande entre ele e Binoche e as duas mulheres do texto teatral,de forma ate incomoda. O fato de que o personagem de Kristen desaparece de forma inesperada e tem gente que chega a supor até que ela morreu, é uma das curiosas do filme e que vem a demonstrar que não é para qualquer público.

Só posso indicar o que agora deve estar saindo em DVD, para os que fazem ou estudam ou acompanham teatro e a profissão de ator, ou diretor, que ficarão fascinados como eu com as idas e vindas dos personagens, todos confusos e complexos.

Na história Binoche aceita participar da remontagem de um texto chamado Maloja Snake, que há duas décadas atrás foi o que a transformou em estrela (essa Maloja é um fenômeno metrológico que acontece nos Alpes, onde alias praticamente todo o filme foi feito, quando Há uma formação de nuvens que fazem elas serpentearem por entre montanhas e vales, justamente na ultima aparição de Kristen. E talvez na morte prematura do escritor (meio Fassbinder que Binoche vem homenagear).

O engraçado é que esta evidente por todos os que vem contracenar com Binoche, seja diretor, seja a estrelinha maluca que irá estrear na peça e que evidentemente trará problemas (outra boa aparição de Chloe Grace Moretz, que aliás já devia ter se transformado em estrela!).

É um filme muito feminino, muito ator, muito teatro, muito falado, discutido, mas não resolvido. Por isso eu achei muito interessante e profundo. Mas acredito que deva ter assustado grande parte da plateia. Que certamente ia preferir algo mais romântico e suave.