Crítica sobre o filme "Marcas da Ãgua":

Rubens Ewald Filho
Marcas da Ãgua Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/03/2015

Documentário premiado pelo Sindicato dos Diretores do Canadá (premio excelência), pelo Genie (melhor documentário) e melhor documentário pelos críticos de cinema de Toronto. Apresentado na Sessão não competitiva da Berninale do Festival de Berlim provocou sensação ao apresentar seu tema (a água no mundo todo e como o homem depende dela). Sem uso de narração, apenas alguns depoimentos e legendas de identificação, rodou nos EUA (onde as imagens do rio Colorado sem água quando chega a seu Delta é uma chocante surpresa), na Índia, na China e Texas e Califórnia.

Não é um panfleto, nem faz discursos, apenas mostra a situação já mais de dois anos atrás, de fabricas poluindo águas, de terrenos resultando mais num ensaio visual (porque mesmo a destruição pode fotografar bonito) cujo tema na verdade é como a humanidade e a água coexistem. Às vezes com resultados desastrosos. Sem dúvida o fato de estarmos passando por aqui em todo o Brasil por uma crise grave pelo menos abriu os olhos para o que pensavam que vivamos no melhor dos mundo. Está ruim e ficará pior.

Começando com imagens que retratam o poderio e a força das águas numa usina chinesa, o filme apresenta tudo com placidez, sem chocar. Recomendo o artigo que Isabela Boscov escreveu para Veja, onde esmiúça às vezes detalhes que passam meio batido no filme (como a água que vai para Los Angeles, um Aqueoduto que secou o Lago Owens e o transformou num criador de poeira, provocando tempestades terríveis e hoje tem que ser eternamente molhado por águas correntes para evitar seus vendavais). Na verdade, acho que o artigo é um companheiro indispensável para quem ver o belo filme, explicando e dissecando detalhes.