É uma má ideia ter dois filmes em cartaz com o mesmo ator Caio Blat, nenhum deles bem conhecido, provocando confusão e um sabotando o outro. Um deles, a comédia Meus Dois Amores é mais antiga (12) e só estreou agora (não a assisti ainda). Parece ser uma comédia rural inspirada em Guimarães Rosa.
Esta aqui é mais contemporânea, novo trabalho da talentosa Julia Rezende (filha de Sergio), que tem se dado bem com Meu Passado me Condena, série de TV, longa e agora continuação. Difícil dizer assim a primeira vista porque o filme não funciona melhor. Talvez porque estejam esperando uma comédia e acaba sendo outra coisa, “uma comédia romântica” com outras regras e que acaba sendo endereçada a outro público menos avisado. Há problemas com o roteiro, que transforma o herói Bruno num dos personagens mais chatos e menos resolvidos dos últimos tempos. Ele tem problemas de família (quem não os tem?), mora no Rio e não tem profissão definida. Na verdade, a Ponte Aérea do titulo é mero pretexto porque nada praticamente sucede nela. Logo no começo os dois iriam usar o voo, mas vão parar em Minas Gerais, onde passam a noite juntos. A moça é Amanda , Leticia Colin, criativa bem sucedida de agencia de publicidade, liberada e que não deve satisfação a ninguém. O sexo parece ter sido bom (isso fica suposto e dito, mas no segundo tempo já assistimos alguns lances mais explícitos. Mas hoje em dia, qualquer coisa nacional parece melhor do que os Tons de Cinza).
Enfim, Amanda vive só e bem (eu sinto no filme falta de coadjuvantes, família, mãe menos liberalidade, Amanda quando não dá certo com Bruno já vai transar com um colega de emprego, o Emilio de Mello e pronto. Eu sou do tempo que ao menos no cinema se uma heroína faz isso fica classificada de fácil e indigna de uma paixão).
Mas o que irrita mesmo é a indecisão e antipatia do herói, que mesmo descobrindo que tem um irmão pequeno (o pai deles está morrendo mas mesmo sim o cara não quer cuidar da garoto, que não podia ser mais simpático!). Para que Amanda corre atrás de um tipo desse? Leticia Colin que se tivesse nascido há alguns vinte anos atrás seria sem dúvida uma musa de Walter Hugo Khouri é uma atriz bem sucedida de musicais mas sem fôlego para uma protagonista. É monocórdica, e menos carismática que o papel exige. O problema de Caio Blat é mais do personagem, mas ele também não facilita nem um pouco.
Enfim, não consegui embarcar nesta história de amor que não decola.