Crítica sobre o filme "Kingsman: Serviço Secreto":

Rubens Ewald Filho
Kingsman: Serviço Secreto Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/03/2015

Fazia tempo que eu não me entusiasmava por um filme, ainda mais depois de assisti-lo na tela do Imax, tanto quanto com Kingsman: Serviço Secreto, para mim o melhor filme de aventura do ano até agora e que está muito perto de uma obra-prima (publiquei antes uma pequena introdução por não ter visto o filme em condições adequadas). Se nos EUA o filme está indo bem de bilheteria (está chegando aos 100 milhões e tem mais 150 milhões de renda no exterior) parece que por aqui não chamou a devida atenção nem atingiu ainda seu público alvo. Ainda há tempo para descobrir esta declaração de amor a série James Bond,o filme é repleto de cenas citando James Bond, em conversas entre o super vilão, Samuel L. Jackson, como Valentine e o herói chamado Galahad ou Harry Hart, que fazem o louvor aos antigos vilões de 007 e repudiavam os diálogos forçados em que eles confessavam como agiram daquele jeito. Inclusive conclui rejeitando isso, o vilão se explica durante o filme e não na conclusão como é o clichê. Alias há outras citações de filmes uma delas muito divertida de My Fair Lady.

Acho que a qualidade e o humor e a espetacular ousadia técnica do filme são as cenas de luta em alta velocidade são originais e muito violentas, mas feitas de tal maneira que é suportável e irônica, viram todos feras humanas, o que no fundo somos todos nos nossos piores momentos! Não há dúvida que o filme é uma obra pessoal de um diretor muito promissor, que foi produtor de Guy Ritchie, e que tem brigado com estúdios ao não aceitar interferências de executivos mal informados. Baseado em um comic book, na verdade reflete a liberdade que teve o diretor Matthew Vaughn, que é de família rica e tradicional e isso explica porque o elogio a educação, as boas maneiras, os bons ternos, a elegância britânica, e principalmente aos bons modos mesmo quando mortais! Ele também dedica o filme a sua mãe recém falecida dizendo que ela sempre lhe ensinou a ser melhor do que já era, a se superar. E realmente ele fez isso neste filme.

Pouca gente esta fazendo justiça ao Jackson, que sempre esta competente e por isso nunca é bem reconhecido. Mas ele criou um personagem, desde um modo diferente de falar e pronunciar, até suas roupas informais e a limpidez de seu pensamento. Como muita gente (Valentine é milionaríssimo) ele tentou ajudar os governos e os mandantes a darem um jeito no planeta que esta sendo destruído, mas não demorou muito para descobrir que não adianta, porque eles são corruptos e só pensam em ficar ricos e tirar vantagens. Cansado disso, ele resolveu agir de outra forma. Diz que o planeta age diante do ser humano que é uma espécie de vírus que esta destruindo a Terra e portanto está reagindo para destruir justamente o invasor /destruidor. E ele resolveu adiantar o processo elaborando um enorme processo envolvendo satélites, esconderijos nas montanhas geladas, milionários que sofreram lavagem cerebral, ou seja, toda a mitologia Bond. Mas a favor do ser humano que é o pior cego, aquele que não quer ver.

Mas o fio central da história é a morte de um agente do Serviço Secreto britânico e um outro que lhe salvou a vida, Galahad fica de olho em seu único filho, que acabou sendo criado erroneamente pela mãe (amante de bêbado vigarista e chefe de gang), mas que agora ele procura salvar e iniciar no Serviço. Ele se chama Gary Egsy e é interpretado por um jovem galês muito talentoso chamado Taron Egerton (começou como ator infantil e não tem nada ainda importante a seu crédito, mas surpreende com seu crescimento em cena, principalmente nas cenas com a princesa sueca). Rebelde e malcriado, ele é colocado num grupo que está sendo testado como possíveis futuros agentes, passando por testes bem interessantes (o quarto deles se enche de água, tem que pular de avião sem a certeza de terem paraquedas, bom humor com um cão que tem que escolher e assim por diante). O filme se sustenta sempre com a ajuda de Colin Firth, que emagreceu muito para o personagem e está extremamente convincente. E muito bem cercado em particular pelo careca e onipresente Mark Strong, como Merlin, o segundo em comando.

O clímax na meia hora final é ainda mais formidável, porque depois de reconhecer a estúpida fúria humana numa luta numa Igreja radical, vai para os domínios de Valentine, que espalha a violência em todo o mundo, inclusive nas praias do Rio de Janeiro (ainda que filmada em Sidney, Austrália!) e nos campos de futebol, terá um momento de puro êxtase quando milhares de bombinhas atômicas florescem como cogumelos em flor ao som de musica marcial (um detalhe importante, a trilha musical de Henry Jackman, de Big Hero e Capitão America 2, e Matthew Margeson, de Kick Ass 1 e 2 do mesmo diretor) é intermitente e incansável, muito alta e por isso ainda mais impressionante).

Como disse raramente saio tão impressionado como desta vez e com facilidade assistirei o filme outra vez. Mais cedo ou mais tarde será descoberto como obra-prima.