Crítica sobre o filme "Dois Lados do Amor":

Rubens Ewald Filho
Dois Lados do Amor Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/03/2015

Atenção: este é um filme diferente que merece sua atenção. Foi realizado por um diretor novato, que tinha feito antes apenas 4 curtas. E teve 15 produtores, inclusive Chastain. Sua intenção não é exatamente nova, existiram outros filmes europeus em geral com uma proposta semelhante, inclusive Smoking e Non Smoking, de Alain Resnais. O que consiste em contar duas versões da mesma história, a Masculina (Him), a Feminina (Her) e depois finalmente numa mista (Them). As duas primeiras passaram no festival de Toronto, onde foi bem recebido, mas foi então produzida a terceira versão que passou em Cannes. Os europeus não acharam nada especial e esta versão foi apresentada para os prêmios americanos e não deu em nada. Eu tive a sorte de assistir as três versões e acho sem dúvida mais sensato ficar com esta terceira que sumariza tudo (a segunda é praticamente um filme à parte, se fixando na figura do marido, o excelente ator James McAvoy mas mulher é sempre mais confusa e interessante e rica psicologicamente que homem. Então temos que perder muito tempo com ele no emprego no bar, conversa fiada, correndo atrás de cliente etc. E principalmente sua problemática relação com o pai que não tem tanto a ver). Além de pular informações importantes que na dela já aparece na sequência inicial...

Porque no final das contas o filme seria inspirado obviamente na famosa canção dos Beatles, Eleanor Rigby, no que seria uma complicada e confusa história de amor atual, entre uma moça frágil, fugindo do que seria seu marido e em conflito com a família (William Hurt como o pai tem a melhor frase, a tragédia é um pais estrangeiro, não sabemos como falar com os nativos). No caso, ambos são ausentes e fechados, sendo que a mãe é interpretada pela notável francesa Isabelle Huppert, que esta em todas as cenas com um copo de vinho tinto e nunca sabe direito o que dizer ou pensar...

Eleanor é a revelação dos últimos anos que estão tentando no impor de qualquer jeito, a ruiva Jessica Chastain que não é naturalmente simpática mas que vai melhorando como atriz graças a experiência fornecida por papeis tão diferentes. Quem lhe rouba naturalmente todas suas cenas é a excelente Viola Davis, que faz uma professora dela, carismática em cada olhar e cada fala. Impressionante. Se a gente não consegue entender direito a protagonista, graças ao elenco e a ousadia da proposta, o filme acaba podendo ser interessante para os que têm paciência ou curiosidade. No meu caso pelo menos me fez procurar e discutir. O que já acho muito hoje em dia.