Pedro Amorim é um montador e roteirista de Brasília, que foi dos pioneiros em dirigir séries para a TV por assinatura (Mothern, Quase Anônimos) e estreou no longa com uma comédia romântica simpática chamada Mato sem Cachorro (13) que padecia de um melhor roteiro. Que infelizmente é novamente o mesmo problema daqui. Na verdade, é bem pior. O erro básico eles poderiam ter descoberto assistindo com cuidado qualquer filme mesmo americano. O de que o personagem central, protagonista tem que ser simpático ao público. Pode ser um canalha, mas que seja simpático, humano, de bom coração (como aliás sucedem com as lendárias prostitutas de coração de ouro, não importante sua vida privada, elas no coração são santas!). O cinema italiano era dos poucos que ousava brincar com esse tipo de herói em filmes como os de Alberto Sordi ou Vittorio Gassman. Podiam ser canalhas, mas no fundo queriam acertar, e sempre se arrependiam dos erros ao menos na metade do filme.
Acho que há muito tempo eu não vejo no cinema um personagem tão desprezível e cafajeste do que o Diogo de Danton Mello (embora ainda lute em ser demasiado parecido em voz e tipo ao irmão Selton). Não adianta o ator ser esforçado porque é impossível se aceitar um tipo tão sem caráter, que não apenas trai a santa esposa a qualquer desculpa, mas chega a fazer o indesculpável que é tratar uma criança, seu único filho gordinho mal. Mas que isso o esquece na escola, depois vai repetindo a trajetória a ponto de se enganar e pegar a criança errada, sendo que é um coreano que é bem melhor tratado do que o filho apesar de trabalhar escravo. Nessa altura o queixo já tinha caído e não conseguia mais perdoar os sucessivos equívocos, jorrando piadas de pornô chanchada americana, vendo o coitado do meu amigo Thogun, num personagem adverso, não acreditei quando fazem ele revelar que é gay, para não tocar mais no assunto e logo depois a Julia (Dani Calabresa num personagem impossível) dispensar a situação, não liga não que ele não gosta disso (de sexo com mulher!)! Quando não se pode tratar com respeito as vezes é melhor simplesmente escapar do assunto.
É muito difícil fazer comédia e francamente devia se chamar o Pai Pusilânime, porque o que menos se precisa é de maus exemplos. E riso, mas riso inteligente, esperto, bem sacado, positivo, rir dos preconceitos, dos violentos, dos ladrões, das policiais.
Não sabia que o roteiro era americano e que não foi filmado por lá por “ser apelativo” ou coisa que o valha, informa a amiga. Não acredito, o que era ruim para norte-americano não melhora para nós, até fica pior. Mais errado, mal consigo acreditar que tenha tido até uma bilheteria razoável. Merecia menos.