Crítica sobre o filme "Vicio Inerente":

Rubens Ewald Filho
Vicio Inerente Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/02/2015

Acho que eu sou o único crítico que nunca me convenceu até hoje, desde quando caíram todos de joelhos rezando para Magnólia, como uma obra-prima certa. Possível pensei eu, pensando no que viria a seguir que para minha surpresa foi uma comedia romântica Embriagado de Amor com Adam Sandler. Continuei achando irregular, para um filme impressionante como Sangue Negro (confuso, mas era forte e o ator estava excelente) temos que suportar equívocos como o recente O Mestre, frustrada tentativa de denunciar um chefe religioso (mas que no meio do caminho renegou a proposta) e  o atual Vicio Inerente, uma das comédias mais ultrajantes e sem graça já feitas pela humanidade. Inspirada num livro e autor de que ele é admirador (Pynchon teria aprovado o roteiro do diretor que seria bastante fiel, mas custa a ter pé ou cabeça e imaginem que chegou a ser indicado ao Oscar® da categoria. Num caso desse nem vale discutir, veja o filme se quiser arriscar, azar o seu. Na sala em que vi em Hollywood houve fuga em massa!).

Enfim, acho que Mr. Anderson (nunca me esqueço dele chegar para uma sessão de gala em Cannes com chinelo de dedo! Coisa bem de americano mal informado) tem ideias e possível talento, mas não sabe para onde ir. Esta pseudo comédia lembra um pouco aquela de Johnny Depp chamada Medo e Delírio (o astro hoje decadente, fez outra parecida chamada Diário de um Jornalista Bêbado).Ou seja, são piadinhas para gente que curte e consome drogas e acha uma graça enorme nas confusões e no uso excessivo e confuso delas. Os outros não conseguem entrar na piada.

Passa-se no começo da moda do uso de drogas em Los Angeles, em 1970, quando um detetive de Los Angeles, Larry Doc Sportello (Phoenix voltando a ficar chapado), que recebe a visita de uma ex-namorada hippie e promiscua (Katherine Waterston) que lhe pede ajuda. Esta na cara que é uma furada, mas ele insiste e vai encontrar um grupo de pessoas bizarras que lhe fazem embarcar numa série de confusões e equívocos. Na policia, em hospital, onde todo mundo claro está piradão (o filme custou vinte milhões e não conseguiu chegar nem aos 10 de renda!).

O filme tem participação especial de Reese Witherspoon (que nada faz de importante, mas foi trazida pelo amiguinho Phoenix) e pela primeira vez o diretor trabalha com sua mulher de muitos anos e filhos, a comediante Maya Rudolph, que é filha da cantora negra Minnie Riperton, que morreu cedo. O papel central era por Robert Downey Jr que o largou (deve ter sido o psiquiatra que achou perigoso novamente lidar com drogas). Estranhamente indicado para Oscar® de roteiro, indica que o diretor não perdeu o prestigio. Eu achei curiosa a história de que ele pertence a geração Home Video, e que começou fazendo filminhos rodados e editados em vídeo. O pai curiosamente apresentava na teve de Cleveland um show de filmes de terror! Até hoje Paul continua a rodar curtas experimentais entre os projetos maiores.  Que saia logo o grande filme tão prometido.