Crítica sobre o filme "Teoria de Tudo, A":

Rubens Ewald Filho
Teoria de Tudo, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 29/01/2015

Já é uma tradição, a cada ano o cinema britânico tem sempre dois ou três filmes que acabam entre os finalistas do Oscar®. São sempre filmes de custo relativo, mas que brilham pelo trabalho dos atores, o cuidado da produção, o humanismo das situações. Nesta temporada este foi o caso de dois dramas biográficos, O Jogo da Imitação e este bonito e delicado A Teoria de Tudo, que conta a trajetória do cientista Stephen Hawking, pelo ponto de vista de sua primeira mulher, Jane.

O que eu achei muito curioso é o fato de que o filme foi realizado por um documentarista, mesmo que premiado com o Oscar® (o britânico Marsh, que ganhou o Oscar® por seu competente documentário O Equilibrista, 2008, sobre o rapaz que anda na corda bamba entre as torres do World Trade Center). Depois disso também dirigiu o mediano Shadowdancer (12, com Clive Owen), outro documentário Projeto Nim, (11).  Ainda assim não esperava um resultado tão competente.

Todo mundo conhece ou já ouviu falar de Stephen Hawking, o cientista mais famoso de sua geração, que sofre de doença degenerativa o que não impediu de se tornar um gênio cujas idéias e propostas até hoje são altamente polemizadas. O diretor de propósito fez um filme bonito, com imagens idílicas de Oxford, uma trilha musical muito delicada de Johann Johansson o que resultou em cinco indicações ao Oscar®: melhor filme, ator Eddie Redmayne, atriz Felicity Jones, roteiro e justamente trilha musical (o caso mais discutível é da mocinha Felicity, que procura ser radiante, depois de aparições não muito memoráveis O Nosso Segredo sobre Charles Dickens, Loucamente Apaixonados, Paixão Perfeita e Um Dia Perfeito para Casar).

Você conhece Eddie Redmayne, um magrinho, branquelo e que fez o soldado de Les Miserables, mas tem muita carreira na tela (como o vilão do que vai estrear, O Destino de Júpiter, 7 Dias com Marilyn e que já ganhou o Tony da Broadway por Red).  Ele tem se dado bem com os prêmios (já ganhou o Sindicato dos Atores e também o Globo de Ouro), não há duvida que é competente.

Gosto menos do roteiro do filme que segue a regra, apresentando o herói dentro de sua normalidade ate quando aparecem os sinais da doença e a namorada insiste em casar com ele apesar dos prognósticos pessimistas. Aí esta o problema, porque o casal vivia relativamente feliz, mas na vida real eles se separam. Então o filme vai pisando em ovos para não deixar a esposa com imagem negativa, mesmo ela tendo novo casamento! E justamente quando ele fica deformado e luta contra a doença, vai saindo de cena (em vez de acentuar sua luta como fizeram, por exemplo, em Meu Pé Esquerdo com Daniel Day Lewis), ao menos eu queria mais. Como tenha curiosidade de encontrar para ver a biografia que foi feita com outro ator genial britânico recente, que é Benedict Cumberbatch (A História de Stephen Hawking, 04, feito para a TV).

De qualquer forma, o filme é bem feito e deve agradar.