Crítica sobre o filme "Duas Faces de Janeiro, As":

Rubens Ewald Filho
Duas Faces de Janeiro, As Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/12/2014

Como diz a propaganda, dos mesmos produtores de O Espião que sabia Demais, do autor (na verdade, autora) de O Talentoso Mr. Ripley, e do escritor de Drive (escrito em 64). Na verdade, o destaque maior tinha que ser mesmo para a autora original do livro que é a grande e famosa e polemica Patricia Highsmith (1921-95), cuja obra tem sido toda traduzida para o Brasil e deve seu êxito ao fato de que foi descoberta por Alfred Hitchcock, fez Pacto Sinistro (em 51, Strangers on a Train, depois várias vezes refeito) e em 1960, por René Clement, que fez o maravilhoso O Sol por Testemunha (Plein Soleil, com Alain Delon, aquele que seria depois refeito também magnificamente como O Talentoso Mr. Ripley!). Não Bastasse isso também encantou Wim Wenders que aproveitou seu O Amigo Americano (77) que fez com outros livros com o personagem também viessem para o cinema (O Retorno do Talentoso Ripley, 02, Ripley no Limite, 05) e dois ainda inéditos, Carol e The Blunderer.

De qualquer forma, o responsável aqui é o Hossein Amini, nascido no Iran, mas que emigrou cedo para a Inglaterra, tendo escrito roteiros de filmes famosos tais como Paixão Proibida (Jude, 96), com Kate Winslet, de Michael Winterbottom, Asas do Amor (The Wings of the Dove, 97), de Iain Softley, que lhe deu indicação ao Oscar®, Honra e Coragem, As Quatro Plumas, de  Shekar Kapur (02), e os mais recentes, Drive (11), Conspiração Xangai (10), Branca de Neve e o Caçador (12), 47 Ronins (13) e o ainda inédito Our Kind of Traitor. Ou seja, tem um curriculum super respeitável que nos fazia esperar um filme mais forte e interessante do que este. Onde não sabe nem aproveitar direito o elenco, todos em momentos fracos, inclusive o há pouco revelado Oscar Isaac (do filme dos Irmãos Coen, Inside Lewellyn Davis, enquanto a encantadora Kirsten Dunst além de fazer pouco tem uma saída de cena muito infeliz.

Apesar das locações curiosas na Grécia, não dá para se envolver com a história. Em 1962, um casal americano rico, Chester MacFarland (Viggo) e sua mulher mais jovem Colette (Dunst) chegam de barco em Atenas (mais tarde a ação transcorre também em Istambul e Creta). Ao visitar Acrópolis, encontra um americano que fala grego, Rydal que se oferece com guia. Naturalmente é um vigarista mas não tem o que se surpreender quando descobre que o casal esconde segredos perigosos. E tem que ajudar a se livrar do corpo de um sujeito que teria tentado matar Chester. Logo se forma também um triângulo amoroso citando as duas faces de Janus, mito da dualidade, a face interna e a externa. Não achei o suficiente, porém, para salvar um thriller menor e desfocado.