Impressionante como a francesa Juliette Binoche (passado já dos 50 anos), continua bela e interessante, filmando sem parar em diversos lugares do mundo. Como aqui, um drama norueguês que ganhou 4 prêmios locais (inclusive melhor filme do ano), melhor filme em Chicago, ecumênico em Montreal, assim como Prêmio do Júri e Américas.
O diretor Erik Popper era fotógrafo de cinema e imprensa, o que explica muito desta sua história e sua maneira de filmar. Onde se fala muito pouco, se explica menos ou se justificativa menos ainda. Tudo é apenas exposto visualmente e cabe ao espectador julgar. E foi o que sucedeu comigo que embarquei inteiramente na ação de uma fotógrafa que trabalha para grandes organizações registrando massacres e tragédias pelo mundo afora. Escapando muitas vezes da morte por um triz. O que deixa sua família muito abalada, em particular as duas filhas ainda na adolescência, que são incapazes de entender a maneira de agir da mãe, quando registrar uma morte ou uma invasão na fronteira da África, toma precedente a qualquer coisa. E uma morte trágica que lhe parece destinada de forma inevitável. Mas ela não consegue não apenas evitar como nem colocar em palavras. É um tour de force da grande atriz num filme dirigido em grandes e poucos quadros: no front da morte, no front do lar (uma casa bem norueguesa de beira mar, de grande luminosidade).
Onde todos são vitimas, não há heróis. Mas o curioso é que como um filme tão simples, consegue não ser aborrecido ou lento, e nos deixar tão envolvidos e perturbados. Como o marido de Juliette, destaque para o hoje astro Nikolaj Koster-Waldau de Game of Thrones, Mulheres no Ataque, Oblivion.