Mesmo tendo sido indicado ao Oscar® e BAFTA de melhor roteiro original, British Film Awards de diretor, ator (Broadbent) , atriz (Sheen) e coadjuvante (Manville), European film Awards (Manville, trilha musical), prêmio Ecumênico do Júri em Cannes, melhor filme National Film Board EUA, isso para não ser muito mais adiante, este é dos filmes recentes do diretor Mike Leigh (o que havia ficado inédito) e cujo médio fracasso de bilheteria deve ter atrapalhado de ter voltado apenas agora com a vida do Pintor, Mr. Turner, com Timothy Spall (melhor ator em Cannes).
Serviu também para tornar mais popular a atriz Manville, até então parte do grupo genérico do diretor participando de quase tudo (Topsy Turvy, Segredos e Mentiras, Agora ou Nunca, O Segredo de Vera Drake, Mr. Turner, mas também de Malévola, e ainda mais recentes Molly Moon e Ghosts). Só que o filme não pegou como os outros, talvez por ser mais suave, discreto, não ter muito melodrama (sem falar mal, Mr. Leigh é magnífico do gênero e teria toda a liberdade do gênero). Teria custado dez milhões de libras,e rendido menos que 20 milhões de dólares em todo o mundo (o filme é dedicado ao falecido amigo do diretor, parceiro de produção, Simon Channing Douglas).
Alguns colegas parecem ter a opinião de que o filme pode ser irritante ao se fixar numa personagem sempre alegre, otimista, o que chega a irritar. É boa hipótese que parece confirmar a intenção de Leigh em usar melhor o típico difícil de Manville, simplesmente porque é loira e normal (ela faz uma fadinha no Malévola) e nunca se sobressai do resto do elenco. Seu resultado foi mais do que bem sucedido embora tenha pagado o preço de não agradar os espectadores que às vezes nem tem consciência disso. Ela faz uma secretária divorciada que bebe um pouco demais e frequenta a casa dos melhores amigos (uma psicóloga que vive feliz com o marido engenheiro, o vencedor do Oscar® Broadbent). Leigh que é famoso por ensaiar com seu elenco por semanas, revelando só aos poucos a trama da história, não podia fugir da crítica social, do retrato humano de muitos como nos não somos capazes de nos avaliar e criticar nossos defeitos. O curioso mesmo é que o personagem de gente boa mas um pouco inconveniente de certa maneira custou a ajudar Manville. Rejeitou muito gente. Por isso periga de por aqui também não fazer sucesso de outros trabalhos do diretor.