Há um publico certo da terceira idade, principalmente em São Paulo e Rio, que costumam prestigiar filmes sobre a temática como este. Que também são um reencontro com antigas estrelas que sobreviveram como é o caso de Jeanne Moreau, musa da Nouvelle Vague nos anos 1960 e que fez bela carreira internacional (até no Brasil, Joana, a Francesa de Carlos Diegues). Nascida em 1928, sofreu há alguns anos um derrame que lhe provocou a necessidade de operações plásticas. Mas hoje carrega essas marcas com a habitual classe, como neste filme convencional e previsível, que a presença desta velha dama torna importante. O diretor estreante num filme feito fora de seus país, Ilmar (The Class), é também o mais conhecido e importante da Estônia (também é produtor e empreendedor, a Estônia é lembrada também porque após uma revolta contra os lideres de Moscou, houve uma leva de estonianos que tiveram que emigrar para o exterior).
A historia é inspirada na vida da própria mãe do realizador. A heroína Anne é uma mulher de meia idade, que tem uma vida muito infeliz no interior, quando morre a mãe. Assim aceita com interesse uma proposta de ir morar em Paris com uma velha senhora estoniana (quem a recruta é um ex-namorado desta, agora amigo, que cuida do seu bem estar, dono de um café e por quem esta ainda tem um interesse). Só que naturalmente a velha não aceita a recém-chegada, implicando com tudo (já que não pode ter mais acesso a seu armário de remédios e não se considera nem mais dona de sua própria casa). É uma situação que muita gente enfrenta e que não é difícil de prever, após alguns conflitos irá melhorar.
Mas o filme não é nada sentimental, até mesmo nas discussões mantém seu distanciamento. Na verdade o roteiro é medíocre e tudo se sustenta nem mesmo pelas paisagens de Paris (nunca cartão postal), mas pela interpretação discreta e humana das duas atrizes. Em especial a grande La Moreau (nem a atriz nem o personagem fazem concessões para conseguir a simpatia do personagem, você tem que gostar dela com todos os defeitos e mágoas). Um prazer revê-la em tão boa forma artística.