Crítica sobre o filme "Todos os Dias":

Rubens Ewald Filho
Todos os Dias Por Rubens Ewald Filho
| Data: 21/07/2014

Faz tempo que não tem maior impacto os filmes experimentais do diretor Michael Winterbottom (sexo explicito em Nove Canções, câmera múltipla durante todo o filme em Código 46) de tal forma que quando retorna a narrativa tradicional tem funcionado melhor (como em A Festa Nunca Termina). Este aqui fica na faixa mediana. Foi feito originalmente para a teve Channel 4 (que depois o distribuiu nos cinemas mas seu único premio foi indicação ao BAFTA TV como programa de uma única câmera). A ideia pode ser curiosa, mas a realização é muito fraca.

Mostra o relacionamento de um sujeito preso por tráfico de drogas com a esposa e os quatro filhos que sobrevivem sem ele.  A diferença é que as cenas são rodadas durante cinco anos, algumas semanas por vez. Realizado da forma tradicional, com câmera na mão, poucos diálogos audíveis ou importantes, talvez funcionasse melhor se tivesse usado amadores ou pessoas menos fotogênicas. A esposa é uma velha conhecida coadjuvante Shirley Henderson e o prisioneiro é outro ator pouco famoso John Simm. Mas ambos são banais demais para interessar e pouco sucede de interessante nem mesmo na prisão, onde não há um único incidente digno do nome. Nem brigas, nem conflitos, nem cara de bandido! Tudo fica no banal, ate porque as crianças são bonitas e simpáticas. E não se fica sabendo de nada importante que veja modificar a situação (nem mesmo o fato de que a esposa tem um flerte com outro cara). A paisagem de praias desertas, colinas verdes, tudo idílico não ajuda em nada o possível interesse. Teria sido melhor ter escolhido um caso mais grave ou ter aprofundado os relacionamentos. Aqui a busca do poético acabou por anular uma experiência que não funcionou.