Crítica sobre o filme "Temporada de Caça":

Rubens Ewald Filho
Temporada de Caça Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/03/2014

A estreia de Profissão de Risco, um filme B que nunca mereceria a participação de Robert De Niro, me fez procurar este outro filme já do ano passado que eu tinha deixado passar.  Culpa destes tempos complicados onde há poucos lançamentos nas locadoras que estão conseguindo sobreviver (assim mesmo com problemas, se eu quero comprar um Blu-ray de Gilda, por exemplo, não tem disponível, sou obrigado a fazer pedido e esperar dias!). Antigamente eu tinha o hábito de deixar alguns filmes menores, inclusive nacionais, para assistir depois em casa, em DVD, já que eles saiam regularmente. Hoje não mais. Difícil fugir da pirataria e se habituar com Netflix e Now, ambos sucessos retumbantes. Ou seja, não da mais para o que eu fazia antes, trazia uma dúzia de filmes em DVD para assistir em casa em dois dias!

Não tem como não ficar triste em ver De Niro, que já foi o maior ator do mundo, na opinião de todos perdendo seu tempo em filmezinhos de terceira categoria (às vezes com outros em decadência, como Stalone no recente Ajuste de Contas). Eu tenho a teoria de que ele está trabalhando em qualquer coisa para juntar dinheiro para deixar fortuna para seus filhos, já que antes trabalhava ganhando menos que a concorrência porque fazia projetos pessoais quase sempre independentes e sem grana. E isso deve ter começado no dia em que se descobriu mortal e com uma ameaça de câncer. Laurence Olivier fez a mesma coisa provando que ser bom pai pode ser uma qualidade deles. Mas o risco é imenso.  Acabar com sua reputação. Tenho certeza que se um cineasta brasileiro quiser bancar a vinda de De Niro para um projeto médio aqui, não teria muitos problemas (não nesta época de Festival do Tribeca que ele dirige, já que foi um dos salvadores de Nova York depois dos atentados).

Acho bem capaz que ao ler o roteiro deste filme europeu ele pensou que poderia ter uma chance melhor dramática e, pensando bem, está menos ruim do que em outros recentes, inclusive o já citado Profissão de Risco.  O filme tem certa densidade e ao menos ele não tem que usar aquela infeliz barbichinha que porta o Travolta. Para não falar no sotaque esquisito que tem que fazer. Esse nunca foi muito bom nem na época das discotecas. Mas o roteiro, além de lembrar The Deer Hunter (O Franco Atirador, titulo aliás errado, do mesmo De Niro),mexe na ferida da guerra da Sérvia e a tragédia de uma quase guerra civil cheio de estupros e abusos.

Assim, pelo que se entende, De Niro era um mercenário que participou dos crimes e agora Travolta vem em busca da vingança, caçando ele na região montanhosa onde vive caçando cervos. Consegue se aproximar, ficam meio amigos, mas no fundo é uma caçada humana e os dois ficam se atirando um no outro jogando verdades entre si. O diretor Johnson (O Demolidor, O Motoqueiro Fantasma)  não tem boa reputação, mas segura a história com certo interesse.  Aquela história de De Niro ter um filho que mesmo brigado quer lhe mostrar sua netinha é outra coisa que também não funciona. Mas só se perde mesmo no final, que é prolongado, estendido e mal resolvido.  Mas é triste se ver dois astros que lutam para manter sua fama cair nessa (Travolta aqui não repercutiu, mas na festa do Oscar® chamou a cantora Idina Menzel por um nome completamente diferente que inventou na hora (Adele Dazeem). E foi um escândalo.

Enfim, queria também contar para os leitores que não estou vendo menos filmes que costume, só escrevendo menos e por uma boa razão: estou terminando de revistar e estender o Dicionário de Cineastas que deve sair no segunda semestre deste ano em edição Digital! É um projeto de vida que esta ficando muito bacana!