Crítica sobre o filme "Vovô Sem Vergonha":

Rubens Ewald Filho
Vovô Sem Vergonha Por Rubens Ewald Filho
| Data: 09/02/2014

O Oscar® deseja ser levado a sério, cada vez se passa por mais exigente. Como em nome de Deus quer enveredar por esse caminho quando deixou entrar entre os indicados deste ano este filme que concorre como melhor maquiagem! Não devia, não poderia, só se fosse um trabalho excepcionalíssimo que também não é o caso. Espero que perca para Clube de Compras Dallas (que é discreto ao retratar doentes de  Aids, ate em nome do bom gosto. Coisas que  este não tem nem em sonho!) Que horror!! Que Horror!!

Ainda me lembro do primeiro longa que eu vi desta famigerada marca chamada Jackass, na verdade um programa de TV que eles tiveram a ideia de expandir para cinema. E depois tive a infelicidade de acompanhar todos os outros seguintes (não dá para chamar sequer de filme, eram rodados em vídeo, de má qualidade, porque tem que ser no velho estilo de câmera escondida. O curioso era que os primeiros Jackass do cinema (e nos extras do DVD) iam se tornar cada vez mais grosseiros e explícitos, com os atores (se é que dava para chamar isso para a turma deles, felizmente ausente aqui). No Brasil, chamam de pegadinhas, o que foi criado me parece em 1948 por um certo cara chamado Alan Funt, que usou os truques para enganar bobo primeiro no rádio (Candid Microphone) e depois na teve como Candid Camera. Não há duvidas que foi tanto sucesso que continuou no ar até 2004, sendo que o próprio Funt fez uma variante com sexo ( chamado What  do you Say to a Naked Lady?). Mas ainda assim era relativamente inocente, ingênuo e sempre termina com um “sorria você está no Candid Camera”.

O Jackass gostava de enfiar coisas de enfiar coisas nos buracos do corpo, com frequência se machucando e os resultados foram ficando cada vez mais sem graça. Até quando surgiu o britânico Sacha Baron Cohen, que, com Borat, conseguiu alguns momentos realmente engraçados (e também alguns bem baixaria). Isso acabou deixando a equipe meio perdida e a resposta a isso é este filme que é um pouco diferente.  Pegaram o ator líder do grupo, o Johnny Knoxville e o disfarçaram de velho, de 86 anos (a maquiagem  não é das piores, mas ele é ágil demais para convencer, na verdade mal compõe o tipo)  que perdeu a mulher com quem vivia há 46 anos (e quando ela morre começa a rir de felicidade!). O velho vai iniciar uma jornada (no fundo é outro road movie) onde ira encontrar um garoto, seu neto, que deverá entregar ao pai verdadeiro. Então desta vez contam uma história, mas que é interrompida por sequências que seriam aparentemente improvisadas (ao final dá para perceber que o diretor na verdade avisa os figurantes que tal coisa vai ocorrer, sem dar muitos detalhes. Infelizmente a reação deles muitas vezes é sem graça, falsa e não ajuda o resultado). A cena mais ousada acontece logo no começo, quando o velho prende o seu pênis num buraco de refrigerantes, ou coisa que o valha. Mas qualquer possível efeito ou graça se perde porque obviamente é um apêndice de borracha e muito mal feito.  Alias vamos ter sequências em um bingo para velhos, num supermercado, numa festa de casamento, clube de strippers para mulheres , outro de Hell´s Angels motoqueiros, uma pesca.. e assim por diante, toda cena terminando sempre briga ou confusão ou desastre.

Na verdade, a única coisa suportável do filme é, vejam só , um garoto chamado Jackson Nicholl, que já apareceu antes em O LutadorArthur 3 e Fun Size, mas só agora revela uma perfeita cara de pau e um talento (mesmo quando o constrangem a se vestir de garota para participar de concurso infantil). Ele literalmente rouba o filme, ou melhor, se houvesse alguma coisa para roubar desta estupidez que tenta roubar o dinheiro dos incautos.