É uma pena que tenha sido tão mal divulgada esta notável comédia argentina que foi lançada sem devida publicidade e promoção. Também deveria ter ganho melhores premiações já que é certamente a mais notável e divertida e inteligente comédia argentina dos últimos anos. Isso apesar do elenco que não chega a ser famoso entre nós, mas pelo temos confirma sua qualidade. O diretor Duprat nativo de Bahia Blanca, é conhecido aqui por O Homem Ilustre (16), O Homem ao Lado (09), além de ter uma longa carreira como roteirista e diretor (são 26 filmes entre documentários, curtas, séries de TV). O fato é que demonstra que se tornou um grande realizador, perfeito nos enquadramentos, nas cenas de humor, isso para não destacar o ótimo elenco argentino (os dois centrais já são muito famosos), mas em momento nenhum se cai na caricatura ou farsa. O roteiro é também por sua vez notável na crítica, nas surpresas sem esquecer no visual que apresenta não apenas de Buenos Aires, mas também paisagens agrestes e inclusive uma curta presença do colorido Rio de Janeiro.
Não há como não elogiar a dupla central, um rebelde e irritado pintor que já está revoltado com tudo que é gênero e principalmente com o falso sucesso em exposições, já que decidiu trabalhar sozinho, fazendo o que bem entende. Isso apesar da presença constante de um velho amigo Arturo que trabalha como intermediário na venda dos quadros muitas vezes com vigarice. Engraçado, não recomendo que leiam muito sobre a história e suas consequências porque o texto é uma obra-prima de sacadas inteligentes, reviravoltas, ironias, malandragens e várias surpresas. O roteiro, acreditem, é uma obra-prima e devia ser apresentada em escolas para estudantes e intelectuais. Muito bem-humorado e original, só nos deixa um pouco ciumento de ver como o cinema argentino, ou seja, um país que tem problemas maiores ou semelhantes aos nossos, consegue fazer uma Obra-prima como afirma seu título. Por favor descubram esta total surpresa!