Crítica sobre o filme "Lunchbox":

Rubens Ewald Filho
Lunchbox Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/02/2014

São raros os filmes indianos que conseguem distribuição no Brasil e mesmo assim este foi premiado no circuito de Festivais. Foi vencedor na Semana da Crítica, seção paralela do Festival de Cannes organizada pelo Sindicato Francês da Crítica de Cinema também participou dos Festivais de Londres, Toronto, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e recebeu o prêmio do júri na 10ª edição do Amazonas Film Festival. Além disso, ainda levou os prêmios de Melhor Roteiro e Atuação Marcante (para o protagonista Irrfan Khan), na Premiação do Asia Pacific Film Festival 2013.

Na verdade, pouco tem a ver com o filme médio indiano, que hoje tem técnica melhor, mas tem problemas ainda com a censura intensa e não evita os obrigatórios números musicais (clips) que interrompem a ação. Este filme modesto se parece mais com outros que tem temática semelhança em particular You´ve Got Mail (Mensagem para Você, 98, com Tom Hanks e Meg Ryan) e o anterior, Nunca te vi sempre te Amei (84 Charing Cross Road, 87, com Anne Bancroft e Anthony Hopkins), ambos com o mesmo esquema do casal que se ama sem terem nunca se encontrado pessoalmente. 

A história se passa na atual Mumbai e tem cara desse cinema moderno e pobre que se faz no mundo todo. Camera na mão, despreocupação de se ouvir o que dizem ou pensam, situações mal desenvolvidas e a mania de seguir personagens pela vida afora. Fica difícil entender ao menos um pouco que existe por lá um serviço de entregas de marmitas, comida a domicilio chamada de Dabbawallahs que dizem fazer um serviço impecável. Até que um dia, um erro na entrega faz com que uma pacata dona de casa conheça um homem de meia idade. Juntos eles criam um mundo de fantasia a partir de mensagens trocadas através das embalagens usadas pelo Dabbawallahs.

Ou seja, duas pessoas solitárias apesar de terem compromissos. O homem é auditor, a mulher é casada, tem um marido desinteressado e uma filha pequena já em idade escolar. Seu almoço mais caprichado do que a média faz parte de sua estratégia de tentar recuperar o marido. Depois de alguns dias de erro na entrega, o casal começa a se comunicar através de mensagens dentro do pão e eventualmente os dois vão se envolvendo, trocando ideias e até pensando em um dia se encontrarem. 

É quase um verão retro e local de “Ela”, em vez do casal moderno que usa um aparelho digital com a voz, aqui é uma coisa mais primitiva., mas a vontade ou ilusão de ser compreendido e ter um relacionamento feliz são semelhantes.

Feito por Ritesh Batra, estreando no longa, este é outro filme onde culinária tem muita importância, mas é basicamente uma história de amor, nada sentimental como gostam os críticos (eu prefiro comida, digo filme mais quente e picante). Destaque no elenco para Irrfan Khan, que é conhecido de muitos filmes (Quem que ser milionário, O Espetacular Homem Aranha, viagem a Darjeeling, As Aventuras de Pi).