Crítica sobre o filme "Tango Libre":

Rubens Ewald Filho
Tango Libre Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/02/2014

Preste atenção no nome do diretor Fontayne e procure se lembrar do sucesso que ele fez com um filme anterior chamado Uma relação pornográfica, 1999, com o mesmo ator Lopez. Pois com este levou o Grande Prêmio em Varsóvia e Menção especial no Horizons de Veneza. Só isso já recomendaria o filme. Que ainda me surpreendeu com uma belíssima fotografia e uma narrativa intrigante e inusitada.

Mais uma vez o cinema revela que o tango é a dança mais cinemática de todas, extremamente fotogênica, sensual e eloquente. Se o filme anterior tinha boa história e boa direção de atores, aqui ele expande isso para uma narrativa inspirada, com câmera moderna e imagens bonitas (confesso que ainda gosto de cinema que traz bonitas imagens, não deixei de ser esteta). E aqui isso já começa com uma sequência de abertura meio enigmática mostrando um assalto a carro forte. Logo após isso os envolvidos estando servindo pena na cadeia enquanto a mulher de um deles (na verdade, parece se dividir entre os dois, já que o roteiro foi escrito pela atriz que faz esse papel, que não é nada boba. Anne Paulicevich, por que ainda por cima se envolverá com uma guarda da prisão com quem irá dançar numa aula de tango).

Então é um quadrilátero (ao qual se pode acrescentar o filho pré adolescente e naturalmente revoltado) que será sempre embalado pelo tango. Porque um dos assaltantes (o bom Sergi) vai procurar na cadeia os argentinos com o pedido de aprender a dançar o tango e eles o atenderão no que irá se tornar um tango macho, dançando com virilidade por prisioneiros (inclusive numa longa, mas bela sequência que funciona de background para os letreiros finais). Engraçado que a dança - uma manifestação libertária - faz toda diferença, do que poderia ser um policial de prisão. Vale a pena descobrir.